Mais biodiesel no diesel significa mais atenção aos filtros

JUNTO COM A ESPECIFICAÇÃO MAIS RÍGIDA DO BIODIESEL E DA MISTURA DIESEL/BIODIESEL, A MANUTENÇÃO REGULAR DOS FILTROS – DAS BOMBAS E DOS PURIFICADORES ADICIONAIS – É O QUE PODE GARANTIR A QUALIDADE DO DIESEL VENDIDO AO CONSUMIDOR

Não é novidade que desde 1º de abril deste ano o percentual de biodiesel no diesel fóssil foi elevado de 10% para 12%. A decisão do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), que ainda prevê aumento gradual para 15% até abril de 2026, leva em conta o equilíbrio entre os impactos econômicos e ambientais, dado que o acréscimo no preço final foi de apenas R$ 0,02/ litro e, em compensação, já favoreceu a qualidade do ar e a saúde da população, ao reduzir emissões poluentes.

Porém, como é sabido, o biodiesel é um produto mais instável do que o diesel mineral. Ele ‘envelhece’ mais rapidamente, se deteriora e, nesse processo, produz borra que pode levar ao entupimento de filtros, tanto dos postos quanto dos veículos, especialmente quando as temperaturas estão mais baixas, como a partir de agora, com a chegada do inverno. E quanto maior o percentual de biodiesel, maior a probabilidade da formação de borra, principalmente no diesel S500.

Para minimizar problemas no campo da qualidade da mistura, novos controles e especificações para o biodiesel constam da recente Resolução ANP 920/2023, de 4 de abril, que entrou em vigor no dia 3 de julho.

Essa medida vai ao encontro de antigas demandas da revenda e de outros agentes, tanto do setor de combustíveis quanto automotivo. Ao impor maior controle dos produtores sobre o biodiesel que comercializam e limites mais rígidos aos componentes do produto, a agência investiu na elevação da estabilidade desse biocombustível, de forma a evitar a formação impurezas, que tanta dor de cabeça deu aos revendedores e aos proprietários de veículos.

Os envolvidos na comercialização e no consumo do novo diesel esperam que essas novas regras sejam de fato suficientes para que um produto menos suscetível a oxidação e contaminações chegue aos tanques, de forma a evitar novos aborrecimentos e despesas.

ATENÇÃO AOS FILTROS!

Porém, cada empresário da revenda também tem de fazer sua parte. A começar pela limpeza mensal do sistema de filtragem das bombas – vale lembrar, de todos os combustíveis –, seguindo as orientações dos fabricantes.

É importante destacar que os contaminantes podem levar ao entupimento dos filtros – tanto das bombas quanto dos auxiliares, como filtros-prensa e de linha –, causando danos ao sistema de filtragem e até mesmo a queima do motor dos equipamentos. Para evitar esses problemas e garantir a qualidade do diesel que comercializam, os revendedores devem realizar, com mais frequência, limpezas e trocas do elemento filtrante. Todavia, isso gera mais trabalho e custos adicionais.

Diante do novo cenário, é importante para o revendedor estar especialmente atento ao sistema de filtragem de suas bombas de diesel e, também, dos filtros suplementares, para garantir a boa qualidade do produto que revende e, com isso, a fidelidade de consumidores.

Como lembra Sandro Albano, diretor comercial da Zeppini Ecoflex, os estabelecimentos que possuem sistemas adicionais de filtragem do diesel – filtro-prensa, filtro de linha ou filtro de linha coalescente – devem investir em medidas que evitem a formação de borra, o entupimento dos filtros e o travamento desses equipamentos.

Entre elas, de um modo geral, ele cita:
• buscar fornecedores idôneos, que garantam a qualidade do diesel que entregam;
• reduzir ao máximo o tempo que o diesel fica parado no tanque;
• realizar a troca dos elementos filtrantes dentro dos prazos indicados pelos fabricantes;
• utilizar válvulas de pressão-vácuo nos respiros das linhas de diesel.

FILTRO-PRENSA E FILTRO DE LINHA

O diretor da Zeppini explica que “os postos que possuem sistema de purificação do tipo prensa necessitam realizar a substituição dos elementos filtrantes após a filtragem de 50 mil litros de diesel ou quando identificado aumento de pressão no manômetro do equipamento. Para os filtros de linha (tipo ‘foguetinho’ ou similar), a substituição desses elementos deve ser feita a cada 500 mil litros ou após seis meses de uso, o que suceder primeiro”. E ainda recomenda “o esgotamento semanal do reservatório do filtro, pois, mesmo após a filtragem, em função de inatividade por várias horas, pode haver a autocontaminação do combustível presente nesse recipiente”.

Albano adverte que, se o elemento filtrante não for substituído no prazo indicado, pode ocorrer redução de vida útil do equipamento, sobrecarga nos componentes elétricos e aumento de pressão em todo o sistema hidráulico.

Ele acredita que “a Resolução ANP 920/2023 deve tornar a mistura mais estável e segura, atenuando os problemas atuais”, mas, para ele, somente “a perfeita manutenção do sistema de filtragem garantirá a integridade e a eficiência do produto”.

Por Cristiane Collich Sampaio