Proibição da régua: um marco na medição de estoques

A PROIBIÇÃO DO USO DA RÉGUA DE MEDIÇÃO DE TANQUES LEVA A REVENDA A NOVO PATAMAR NO CONTROLE DE ESTOQUES E DA GESTÃO

O uso da antiga régua na medição do volume de combustíveis armazenado nos tanques de postos do país estará proibido a partir do próximo dia 21 de setembro. Mas tal determinação deve ser vista mais como um salto de qualidade para a gestão do que um custo. É um investimento que não apenas tornará mais preciso e confiável o controle dos estoques de combustíveis de um posto ou de uma rede, mas ainda auxiliará no gerenciamento da atividade, tornando-a mais rentável.

O benzeno, presente na gasolina, é considerado tóxico. Uma vez que o uso de régua expõe os frentistas diretamente ao produto, a medida procura proteger os trabalhadores brasileiros desse contato, a exemplo do que ocorre em outros países.

A proibição está presente na Portaria nº 427 do Ministério do Trabalho e Previdência (Portaria MTP nº 427/2021), de 7 de outubro de 2021, que aprovou o Anexo IV, referente à exposição ocupacional ao benzeno em postos revendedores de combustíveis automotivos, da Norma Regulamentadora nº 20 (N R-20), que trata sobre segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis.

LONGO PRAZO

Mas, como lembra Laércio Lopes, da Abieps, especialista em gestão de estoque, a definição desse prazo não é nova: “a Portaria nº 427/21 faz parte de um processo iniciado em 2016, com a Portaria nº 1109 do mesmo ministério, que já definia os prazos para a adequação dos postos.”

Na verdade, todos os postos que entraram em operação a partir de 22 de março de 2017 já deveriam possuir, obrigatoriamente, sistema eletrônico de medição de estoque e abandonar a régua. Os demais, que já estavam em funcionamento nessa data, deveriam migrar para o sistema de medição eletrônico quando da renovação de sua licença ambiental (a qual tem validade de, no máximo, cinco anos). Em função do tempo decorrido desde então, todos os postos do país já renovaram sua licença e, portanto, em tese, já deveriam contar com o novo sistema instalado.

O especialista também destaca que todas as bombas de combustíveis líquidos contendo benzeno devem estar equipadas com bicos automáticos e que o uso da régua, mediante a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), ainda é admitido em raríssimas situações: para aferição do sistema eletrônico; quando a medição eletrônica não puder ser realizada por pane temporária do sistema; para verificar a necessidade de drenagem dos tanques; e em testes de estanqueidade.

SALTO DE QUALIDADE

O uso de um sistema eletrônico de medição de tanques vai muito além da proteção de quem transita no posto. Por exemplo, ao detectar rapidamente um vazamento, ainda que pequeno, preserva o meio ambiente e reduz eventuais custos de remediação, entre outros.

Diversas empresas oferecem ao mercado soluções tecnológicas, das mais simples às mais avançadas. Segundo Laércio Lopes, “dependendo do sistema escolhido, o revendedor poderá ter em mãos uma eficiente ferramenta administrativa, que lhe fornece completo gerenciamento de inventário, de um posto ou de uma rede, por meio de dados precisos, em tempo real, acessíveis de qualquer dispositivo conectado à internet, inclusive remotamente, que são importantes na tomada de decisões”.

O equipamento ainda pode armazenar dados por vários anos, registrar todas as entregas e abastecimentos realizados, emitir alarmes diante de qualquer irregularidade, fazer a reconciliação do inventário, entre outras funções, que asseguram ao empresário uma gestão mais enxuta, precisa, minimizando custos e perdas. “É um aspecto do posto do futuro no presente”, declara.

O prazo final está muito próximo, mas ainda dá tempo de sondar o mercado e avaliar a melhor opção para o seu negócio. Informe-se, busque por orientação antes de se decidir.

A arquiteta Sandra Huertas, que presta serviços para o Sincopetro nas áreas ambiental, de saúde e segurança no trabalho, alerta: “se você, revendedor, não tem certeza sobre a compatibilidade entre os tanques e equipamentos eletrônicos do seu posto e as soluções de medição de estoque disponíveis, peça informações e auxílio ou junto aos fabricantes ou, no caso de associados, junto ao Sincopetro”. Por sinal, a entidade investiu em lives com esses especialistas e também em materiais de divulgação sobre o assunto, acessíveis em seus canais eletrônicos sob o título Medição eletrônica dos tanques. Vale lembrar que o sindicato também oferece treinamentos com foco nas normas regulamentadoras nº 9 e nº 20 (NR-9 e NR-20), relacionadas ao tema.

Por Cristiane Collich Sampaio