Incertezas quanto aos preços

FUTURO AINDA NEBULOSO QUANTO À POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRAS. É ESPERAR PARA VER

Embora os preços dos combustíveis tenham registrado queda, mesmo com a volta parcial dos tributos, a política da Petrobras nesse campo ainda não é cristalina.

Em maio, a empresa deixou de usar o alinhamento dos preços internos dos combustíveis fósseis com a cotação internacional (Preços de Paridade de Importação, PPI), um modelo adotado em meados de 2016, como única base para a fixação de preços. A Petrobras procura se tornar competitiva em suas áreas de atuação por agora sofrer com a concorrência da importação de derivados por outros agentes do mercado, como distribuidoras e petroquímicas.

Em nota divulgada na oportunidade, a empresa fala de alinhamento aos preços por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes, considerando o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável. Procurada, preferiu não se manifestar sobre a possibilidade de volta da Cide como amortecedor de impactos da elevação dos preços internacionais. Há indícios de que procurará elevar sua participação de mercado – hoje de mais de 80% – sem comprometer sua rentabilidade e seu compromisso com acionistas. Uma das possibilidades é a oferta de condições comerciais diferenciadas a grandes distribuidoras.

Todavia, já é possível constatar a intenção de tentar atenuar os valores diante da reintegração de tributos (zerados em período pré-eleitoral pelo governo anterior), mesmo sem abandonar relativa aproximação com os internacionais e, assim, salvaguardar sua capacidade de investimento. Os impostos federais (PIS/Cofins) e do ICMS estadual sobre a gasolina e o etanol já foram incorporados aos preços, agora obedecendo ao novo modelo tributário (monofásico). No diesel, a reoneração dos tributos federais será feita em duas etapas, em setembro próximo e em janeiro de 2024, mas o ICMS voltou a incidir sobre o produto em maio, também recolhido exclusivamente na origem, como determina a nova forma de tributação.

Diferentemente do que ocorria sob o jugo do PPI, nota-se atualmente certo cuidado por parte da direção da empresa em majorar preços, o que pode levar à estabilização e até ao aumento do consumo. Porém, esse cenário permanece incerto. É esperar para ver o que acontece.
Foto:ANDRÉ MOTTA DE SOUZA/AGÊNCIA BRASIL
Por Cristiane Collich Sampaio