• Análise
    por Cristiane Collich Sampaio

 

Preços na gangorra

Nova política de preços da Petrobras tem causado transtornos e perdas para a revenda.

 

Em vigor desde o início de julho, a nova política de preços dos combustíveis da Petrobras – de alinhá- -los às flutuações do câmbio e dos preços internacionais do petróleo – causa polêmica.


Os defensores da economia de mercado, pura e simples, sem mediações, aprovam a nova política, que alinha os preços domésticos aos internacionais, por elevar a competitividade da Petrobras. No passado, as finanças da empresa foram muito prejudicadas por longo represamento dos preços internos diante de altas externas.


Informações da empresa apontam que a volatilidade nos valores poderá se manifestar até mesmo diariamente, desde que a variação acumulada no mês por produto esteja dentro da faixa de 7%, para mais ou para menos.


Há discordâncias sobre se essa nova sistemática da Petrobras influenciará positiva ou negativamente a economia. Para alguns, o ideal seriam reajustes em períodos maiores, com divulgação antecipada dos índices, para que os integrantes da cadeia de comercialização, incluindo os consumidores, possam estar preparados. Mas é importante lembrar que a oscilação – para cima, especialmente – impactará no custo do frete e, com isso, nos preços de praticamente todas as mercadorias movimentadas no país.


CONFUSÃO E PERDAS

Mas para consumidores e revendedores essa prática tem causado transtornos. Os consumidores acabam por perder os parâmetros de preço, uma vez que estes impactam no bolso e também servem como referência quanto à qualidade do combustível. Já para os proprietários de postos essa variação os força a refazer quase que cotidianamente o cálculo de custos para tentar preservar sua margem bruta de comercialização.


Além disso, em regiões em que a concorrência é mais acirrada e subsiste uma série de irregularidades, como a capital paulista, muitos revendedores se veem forçados a comprometer parte dessa margem para manter vendas.


“Pelos preços médios dos combustíveis e outros dados, divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), verifica-se que está havendo queda na margem da revenda.


O revendedor está absorvendo parte dos aumentos da Petrobras ao não repassá-los integralmente para os preços de bomba, não raro por pressão das distribuidoras”, constata o presidente do Sincopetro, José Alberto (Zeca) Paiva Gouveia. Ele adverte que isso pode ser arriscado, uma vez que ao fim de cada mês há contas a pagar e, com o descontrole na margem, o lucro bruto apurado poderá ser insuficiente para sua quitação e para remunerar o próprio empresário.


O aumento de preços acumulado de julho até 24 de novembro de 2017 era de 27,8% na gasolina e 24,27% no diesel.