por Márcia Alves

A
indústria automobilística já deixou claro, em diversas oportunidades, que
desaprova um eventual aumento do limite da mistura obrigatória do etanol anidro
à gasolina para 27,5%, ante os atuais 25%. Tanto que a Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) chegou a publicar um estudo
próprio reprovando o acréscimo. Mas esta não é a posição final da entidade, que
aguarda o resultado de novos estudos para se pronunciar.

Recentemente,
foi divulgado que o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes)
já concluiu os estudos, sob a supervisão da Anfavea, do Inmetro e da União da
Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), mas publicará o resultado até o final de
novembro. Os testes preliminares, que obedeceram a critérios de resistência e
durabilidade, apresentaram resultados positivos, mostrando que os veículos se
adaptarão sem perda de eficiência e sem aumentar a emissão de gases poluentes.

A
resistência da indústria automobilística se baseia no argumento de que a nova
concentração poderá prejudicar o desempenho dos automóveis e aumentar a emissão
de gases. Outra alegação é que seria preciso desenvolver motores capazes de
funcionar com uma octanagem diferente de combustível, demandando o desenvolvimento
de componentes para se adequar à nova legislação brasileira.

Alguns especialistas
ratificam esses argumentos, como o jornalista e engenheiro Boris Feldman.
“Causa dificuldades nas retomadas, na marcha-lenta e para pegar nas manhãs mais
frias”. Segundo ele, haveria elevação do consumo e redução da durabilidade do
motor. Mas, ressalta que os motores flex não sofreriam qualquer alteração.

Segundo a Unica,
peças e componentes que entram em contato com o combustível devem suportar o
aumento de 1,5% na mistura, já que há vários anos se pratica no Brasil o limite
final de 26% de mistura. “Desconsiderar esse fato seria o mesmo que admitir que
esses produtos são de baixa qualidade”, frisou o comunicado da entidade.











Concorda o
engenheiro mecânico e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), André
Bueno. Segundo ele, com até 30% de etanol na gasolina, a injeção eletrônica se
adapta durante o uso e não provoca nenhum problema mecânico. “Os carros com
carburador precisam passar por nova regulagem mais frequente e não apenas a
cada seis meses”.