Por Denise de Almeida

Foi-se o tempo em que revender combustível era apenas uma questão de contabilizar a quantidade de  litros vendidos no final do mês. Na época em que o mercado era totalmente regulado e engessado,  vender acima de 500 mil litros em 30 dias, por exemplo,  era sinônimo de lucro exorbitante.  E o revendedor ainda podia  se orgulhar de uma possível excelente administração,  que, na verdade, nem era dele.  “Antes da  abertura do mercado, em 1990, era o Governo quem determinava quantos funcionários poderíamos ter,  a que horas deveríamos abrir ou fechar nossos estabelecimentos, e até nossa margem de lucro”,  relembra José Alberto Paiva, Gouveia, presidente do Sincopetro, sindicato dos revendedores de São  Paulo.

Hoje em dia, a situação é bem diferente.  Conhecer bem o negócio e estar amparado por uma boa  parceria comercial com a distribuidora não basta.  É preciso também entender um pouco de legislação  ambiental, leis trabalhistas, legislação tributária e, sobretudo, saber fazer as contas na ponta do lápis,  sem nunca se distrair com a contabilidade que, muitas vezes, fica exclusivamente nas mãos do  escritório contábil.

Repare no quadro ao lado.  Trata-se de um modelo de demonstrativo de resultado de exercício  preparado  pela  Plumas Assessoria  Contábil, especializada em postos de combustíveis,  que  contempla todos os itens de um estabelecimento e pode auxiliar o  empresário a se orientar no  momento de fazer o cálculo das despesas e controlar melhor a receita e a rentabilidade líquida do  posto.  

Lucro Real ou Presumido  

De acordo com Luiz Rinaldo Lopes de Almeida,  autor do quadro e sócio diretor da Plumas Assessoria  Contábil,  a forma de apuração do Imposto de Renda pode fazer a diferença para a  contabilidade do negócio.  Ele destaca que,  muitas vezes equivocadamente,  os empresários optam pelo tipo de tributação baseados apenas na  galonagem.  Em sua opinião, independentemente do valor médio mensal de vendas por litro, o  revendedor deveria considerar também  o resultado contábil nessa decisão.  “Cada ponto de venda tem  as suas características e o lucro de um e outro pode ser bem diferente. Por isso, essa avaliação sempre  deve ser tomada de acordo com o resultado contábil”, avalia.  

Bom gerenciamento  

Luiz Rinaldo ainda alerta para outros pontos que devem ser observados no gerenciamento dos  resultados contábeis de qualquer posto de combustíveis, a começar pelas informações remetidas ao  Fisco via Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).

Em vigor há três anos, o Sped  Contábil faz parte de um amplo projeto do Governo de informatização  das informações transmitidas pelos contribuintes e, por isso, é mais ágil na hora de cruzar dados e  revelar possíveis falhas ou inconsistências contábeis.  Despesas que não são dedutíveis no Imposto de  Renda por falta de documentos comprobatórios, por exemplo, não devem deixar de ser lançadas na  contabilidade.  Assim como procurar despesas para serem lançadas sem que haja o necessário lastro  contábil, por exemplo.  São situações que serão facilmente apontadas pelo Sped, segundo Luiz Rinaldo.  “Inconsistência de valores contábeis é garantia certa de multas e autuações, inclusive por distribuição  disfarçada de lucros”, alerta.  “E só um bom gerenciamento contábil, é que poderá evitar surpresas  desagradáveis no futuro”.