por Cristiane Collich Sampaio

Novas linhas de financiamento para renovação e ampliação dos canaviais e manutenção de estoques e o fim das barreiras do etanol ao mercado norte-americano aparecem como fortes estímulos à expansão da produção do produto no Brasil. Porém no mercado interno, ainda no período de safra, seu preço se mantém pouco atrativo, perdendo para a gasolina em competitividade em praticamente todos os estados.

Perdas acumuladas pelo setor nos últimos anos inibiram investimentos nas lavouras de cana. Esse fato, aliado às condições climáticas desfavoráveis e aumento na exportação do açúcar, graças aos preços internacionais elevados, fez com que a produção de etanol no Brasil recuasse de 30 bilhões de litros na safra 2010/11 para cerca de 24 bilhões de litros na safra 2011/12, que termina agora. A produção de açúcar também foi afetada, caindo de 38,9 milhões de toneladas para 36,7 milhões de toneladas, mas as exportações subiram de 25 milhões de toneladas para 28 milhões de toneladas no mesmo período.

A menor oferta de etanol e açúcar fez com que os preços dos dois produtos atingissem níveis elevados no mercado interno.

Desequilíbrio

No caso do etanol, esse aumento tornou o produto hidratado pouco competitivo frente à gasolina, que teve seus preços mantidos em níveis relativamente baixos, também em função da redução do valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Por conta da expressiva elevação do consumo de gasolina em 2011 – que segundo estimativas do sindicato das distribuidoras (Sindicom) e do próprio mercado, foi de 18,3% em relação ao ano anterior –, o consumo de etanol anidro que a compõe também cresceu. Porém, o de etanol hidratado teve queda de 28,4% no período.

Com as novas linhas de crédito do BNDES para o plantio e a abertura do mercado norte-americano para a importação de etanol – cujo volume estimado é de 13 bilhões de litros até 2020 –, a perspectiva do setor canavieiro é expandir a produção de cana e recuperar o volume perdido nas últimas safras, com a renovação das lavouras e o aumento da produtividade.

Resta saber se haverá produto suficiente para suprir o mercado interno, caso em 2012 a equação dos preços da gasolina e do etanol volte a se equilibrar e o preço internacional do açúcar se mantenha elevado.