por Denise de Almeida
Eles dormem em qualquer lugar, sentem sono em excesso e cansaço durante o dia, têm sonolência ao dirigir ou problemas de memória e concentração. Eles fazem parte dos 30% da população mundial que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sofrem da síndrome da apneia do sono.
A apneia é um tipo de distúrbio onde a respiração é interrompida repetidamente durante o sono, por um tempo capaz de diminuir a oxigenação e aumentar os níveis de dióxido de carbono no sangue. "O resultado disso são problemas no organismo como um todo", salienta o otorrinolaringologista João Fanton Neto, do Hospital Amaral Carvalho, localizado em Jaú, SP.
Estudos da Associação Brasileira do Sono indicam que o portador da apneia do sono, em geral está acima do peso, é fumante, e ingere quantidades excessivas de bebidas alcoólicas, principalmente à noite. O principal sintoma, claro, é o ronco associado à respiração ofegante, engasgos freqüentes e episódios de despertar súbito.
Mais que isso, de acordo com o levantamento da entidade, a queda na qualidade de vida pela sonolência diurna excessiva e a má qualidade de sono contribuem para o aumento do risco de problemas cardíacos, como pressão alta, arritmia cardíaca e infarto do miocárdio. A mortalidade entre os portadores desta síndrome é significativamente mais alta entre os que não recebem tratamento adequado ou entre aqueles que apenas roncam sem experimentar momentos de apneia, revela o médico.
A fonoaudióloga Karinne Bandeira, do Hospital AC Camargo, de São Paulo, explica que a apneia passa a preocupar quando ocorre mais de 5 vezes por hora de sono. E o diagnóstico só pode ser estabelecido por meio da polissonografia, exame feito em laboratório, onde o paciente dorme por uma noite ligado a eletrodos que monitoram a atividade cerebral e muscular, batimentos cardíacos, esforço respiratório e a saturação de oxigênio no sangue, entre outros.
A Associação Brasileira do Sono orienta que a primeira medida a ser tomada é uma mudança na posição de dormir. Além de tentar dormir de lado, é preciso não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas à noite, perder peso e não tomar tranqüilizantes ou medicamentos para dormir. Os sedativos relaxam ainda mais a musculatura das vias aéreas, o que aumenta a intensidade e a duração dos roncos, diz João Fanton.
O tratamento mais eficiente, no entanto, é a uvulopalatofaringoplastia, popularmente conhecida como cirurgia do ronco. É uma espécie de cirurgia plástica do palato e da campainha, que altera a ressonância destas estruturas e acaba com o ronco e apneia, diz.
Nos casos graves onde a cirurgia não é indicada, pode-se optar pela utilização de um aparelho chamado de CPAP (Pressão Positiva Contínua na Via Aérea, em português), que fica à beira da cama do paciente e, por meio de uma máscara de silicone, insufla oxigênio de forma cadenciada, regulando automaticamente os movimentos respiratórios e evitando, com isso, a apneia