por Denise de Almeida

 

Assim como as montadoras de ônibus e caminhões –  que já anunciaram que estão procurando obter financiamento do BNDES com juros mais baixos para a nova geração de veículos, a partir de janeiro, conforme determinado pela legislação –,  os revendedores de combustíveis também reivindicam financiamento para postos que tenham que adequar suas instalações para receber o diesel S50,  o produto com menor teor de enxofre que vai abastecer todos os veículos fabricados no país a partir de janeiro de 2012.  

 Segundo José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro, os investimentos que deverão ser realizados pelos revendedores que não dispõem de sistemas de armazenamento suficientes para converter um deles em S50 serão bastante elevados,  já que há que se levar em consideração que todas as instalações – inclusive de pista – deverão sofrer alterações. “Os revendedores que tiverem que adequar seu estabelecimento para comercializar o novo diesel terão de investir, pelo menos, R$ 80 mil”, revela Gouveia.  “Isso sem contar os investimentos relativos ao Arla-32”,  diz,  referindo-se ao agente redutor fluido que, obrigatoriamente,  abastecerá os caminhões e ônibus e que também deverá ser comercializado pelos postos.

 Gouveia diz que o mercado está consciente de que a demanda será gradativa  e crescente de acordo com o número de veículos que começarem a ser vendidos no país a partir do ano que vem.  “Entretanto,  há poucos meses da implantação do novo diesel, ainda não há qualquer movimentação efetiva em facilitação aos postos”,  lamenta.

 Nesse aspecto, Gouveia destaca, inclusive, preocupação quanto a um possível abastecimento  equivocado, já que o combustível e o  fluido devem ser abastecidos em tanques diferentes e qualquer mistura pode causar  danos irreversíveis ao motor dos veículos.

Vale lembrar também que os motores atuais disponíveis no mercado podem ser abastecidos com o diesel S50.  O contrário, porém, não é correspondente.  Ou seja, os ônibus e caminhões que saírem de fábrica a partir do ano que vem não poderão receber o diesel com mais enxofre,  em substituição ao diesel limpo.

 Como a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já avisou que,  se for o caso,  usará o poder para adequar a malha de postos ao plano de abastecimento desenvolvido pela agência,  os dirigentes do Sincopetro têm se reunido insistentemente com representantes de toda a cadeia para tentar encontrar soluções que minimizem o impacto para os revendedores.

 Enquanto isso, as montadoras já avisaram que,  por causa dos custos do investimento na nova tecnologia,  elevarão os preços dos ônibus e caminhões com motores ‘limpos’  entre 8% e 20%.  A Petrobras, por sua vez, prevê que a demanda pelo diesel S50 pode chegar a 5 bilhões de litros em 2012,  o dobro em relação ao consumo do ano passado.