Por Denise de Almeida

Uma carta de intenções entregue ao Ministério da Agricultura  por representantes de empresas e entidades ligadas à agroindústria é a mais nova estratégia das usinas de biodiesel para arrancar do governo o aumento da taxa de adição no diesel nas refinarias.

Além da criação de um novo marco regulatório para o setor,  redução da carga tributária e maior incentivo à exportação,  as usinas desejam elevar a taxa de adição para 10% até 2015 e para 20% em 2020.

Ocorre que desde que o governo brasileiro introduziu o biodiesel  na matriz energética nacional,  com a adição de 5% de biodiesel ao óleo diesel puro  – cuja mistura é denominada diesel B –, os revendedores têm enfrentado graves problemas na estocagem  do produto, principalmente pela formação de borra nos tanques,  oxidação de materiais e absorção de água pelo produto.

Longe de ter fim  e até que uma solução definitiva seja apresentada ao setor,  a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com a colaboração de entidades setoriais, confeccionou um manual de orientação e procedimentos sobre manuseio e armazenamento do diesel B,  para que a qualidade do produto se mantenha ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Além de sempre retirar e guardar a amostra-testemunha de cada carregamento de produto, a seguir,  os principais pontos contidos no manual:

•          O óleo diesel B deve ser estocado, preferivelmente, pelo prazo de até um mês.  Em período superior a este pode deteriorar-se,  apresentando formação de material insolúvel,  que pode levar à obstrução de filtros e injetores,  além de favorecer a formação de depósitos no sistema de combustão e a ocorrência de corrosão;

•          Os tanques de armazenagem devem estar limpos,  secos e protegidos de luz e de temperaturas extremas;

•          Deve-se evitar a exposição e o contato do diesel B  com substâncias e materiais incompatíveis,  como certos tipos de elastômeros e metais  (cobre, chumbo, titânio, zinco, aços revestidos, bronze e latão);

•          Após a lavagem de tanques, tubulações, bombas e filtros,  o diesel B deve ser circulado por todo o sistema,  com posterior drenagem,  de forma a preparar o tanque para o recebimento do produto;

•    Os filtros devem ser verificados periodicamente para prevenir obstruções;

•    A  presença de ar nos tanques pode favorecer a oxidação do combustível.  Portanto,  é importante manter os tanques no limite máximo permitido,  reduzindo assim a quantidade de ar em contato com o produto;

•   A drenagem de produto remanescente no fundo do tanque, para a retirada de água,  material microbiológico ou outras impurezas deve ser feita semanalmente;

•  O biodiesel possui característica que favorece a incorporação de água ao produto, o que pode contribuir para a formação de depósitos.  Portanto, é importante checar se os tanques estão isentos de água antes do abastecimento com o óleo diesel B;

•  Manter preferencialmente os tanques de armazenamento na capacidade máxima permitida para minimizar a presença de oxigênio e vapor d’água;

•  Drenar equipamentos que não serão usados por longos períodos,  de forma a evitar o acúmulo de água e a deterioração do combustível;

•   Analisar  frequentemente a amostra do combustível para verificar a qualidade, bem como a presença de microorganismos contaminantes.