por Márcia Alves

A redução do percentual de etanol na gasolina – de 25% para 20%, a partir de 1º de outubro – e a importação de 500 milhões de litros de etanol anidro dos Estados Unidos, que devem chegar ao país a partir do próximo mês, são as principais iniciativas do governo para evitar o desabastecimento do produto. Mas as medidas não agradaram a todos os setores.

Em entrevista à Agencia Brasil, o presidente da Unica, Marcos Jank, disse que parte dessa importação pode se tornar desnecessária, já que a redução do teor de etanol na gasolina deverá provocar uma queda no mercado doméstico em torno de 150 milhões de litros por mês. Outra consequência será necessidade de importar gasolina para compensar a diminuição do percentual de etanol.

Mas as ações do governo para garantir a oferta de etanol não param por aí. Uma alternativa possível será reduzir a tributação das usinas e outra será diminuir o peso da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, para equilibrar o preço dos dois combustíveis.

Mesmo assim, o risco de crise no segmento de etanol é iminente, segundo um estudo da consultoria Datagro, apresentado em setembro, que alertou para a necessidade de investimentos do governo na expansão da capacidade de moagem e preservação da frota de carros flex.

O estudo projetou a demanda de cana-de-açúcar caso o consumo de etanol aumentasse. Se 80% dos veículos usassem etanol, seriam necessários 1,4 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar. Se fossem 50% da frota a produção deveria saltar para 1,2 bilhão de toneladas. A safra atual é 560 milhões de toneladas.