por Márcia Alves


 


Um levantamento do Ministério da Cultura aponta que o país tem 370 destinos relacionados ao catolicismo, 96 ao protestantismo, 34 às manifestações afro-brasileiras e 40 referentes a outras religiões. Segundo a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), em estudo realizado em parceria com a USP, existem cerca de 15 milhões de brasileiros viajando anualmente em busca de lugares e templos religiosos.


 


Diante de tantas opções, quais são aquelas verdadeiras viagens de fé, ou melhor, aqueles roteiros que, independente da religião de cada um, podem ser imperdíveis e inesquecíveis? A revista Posto de Observação preparou um roteiro básico dos principais destinos religiosos:


 


Parada 1 : Aparecida do Norte (SP)


O município de Aparecida do Norte está situado no estado de São Paulo, no Vale do Paraíba, a cerca de 168 quilômetros da capital. Seu mais importante símbolo é o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, considerado o maior santuário mariano do mundo, que recebe anualmente cerca de 7 milhões de romeiros.


A gigantesca construção, que hoje guarda a imagem de Nossa Senhora Aparecida, possui formato de uma cruz grega e tem capacidade para abrigar até 45 mil pessoas, além de um estacionamento com para 2,2 mil carros de passeio e 891 ônibus de viagem.


No mês de outubro, quando se comemora o Dia da Santa, a cidade chega a receber uma quantidade seis vezes maior que sua população local. São mais de 200 mil fiéis de todo o país que viajam em busca da benção da Padroeira.


A cidade oferece excelente infraestrutura para o turismo. São mais de 110 hotéis e quase 400 bares e restaurantes, além da Secretaria de Turismo local, que presta serviços de informação a centenas de turistas, diariamente.


A devoção teve origem no ano de 1717, quando aconteceu do Milagre do Peixe: três pescadores lançaram sua rede no Rio Paraíba e puxaram uma pequena imagem feita em barro cozido. Sem saber o que estava acontecendo, sentiram que aquela imagem poderia ser um sinal dos céus, já que, depois disso, a pesca escassa se tornou abundante.


 


Parada 2: Juazeiro do Norte (CE)


O município de Juazeiro do Norte, localizado no Vale do Cariri, região do extremo sul do Ceará, dista 563 quilômetros da capital Fortaleza. Até 1872, o município era habitado por escravos e arruaceiros, e não passava de um arraial, mas em abril daquele ano, chegou ao local o Padre Cícero Romão Batista, também conhecido como Padre Cícero ou “padim”, que transformou a história da região.


Em pouco tempo, ele modificou os hábitos da população, erradicando a bebedeira e a prostituição. Mas um fato extraordinário acontecido em 1889 mudou totalmente a rotina do lugar. Ao dar a hóstia consagrada à beata Maria Magdalena do Espírito Santo, Padre Cícero se surpreendeu quando a eucaristia se tornou sangue. O fato se repetiu dezenas de vezes com diferentes outros moradores da cidade. Apesar de terem sido testemunhados por muitos moradores e padres, o Milagre de Juazeiro nunca foi reconhecido pela Igreja e Padre Cícero não foi beatificado.


Mas a cidade passou a ser visitada por peregrinos de todos os lugares do país, principalmente, em novembro, mês dos finados, quando mais de 2 milhões de pessoas participam da grandiosa romaria anual. Por isso, Juazeiro hoje conta com uma boa rede de hospedagem, além de inúmeras pousadas.


Um bom ponto de partida para iniciar um passeio pela cidade é a Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, construção barroca inaugurada em 1875. Em seu altar principal fica exposta uma imagem de Nossa Senhora das Dores, que Padre Cícero mandou vir da França. É bom conhecer também a Igreja de São Francisco, que guarda um dos maiores conjuntos religiosos do Norte e Nordeste. Além de uma gigantesca imagem de São Francisco, no teto é possível ver os nomes de todas as pessoas que contribuíram para a sua construção.


Mas é a Capela do Perpétuo Socorro que consegue reunir o maior número de peregrinos. Esta construção iniciada e concluída pelo próprio Padre Cícero, hoje guarda, no piso de seu altar-mor, o túmulo dessa cultuada figura mística.


 


Parada 3 – Nova Trento (SC)


Localizado ao Vale do Rio Tijucas, a cerca de 80 quilômetros de Florianópolis, Nova Trento foi colonizada a partir de 1875 por imigrantes italianos. O nome da cidade é uma homenagem à natureza bem parecida com a província de Trento, na Itália.


Também em 1875, a menina Amabile Visintainer, filha de imigrantes italianos, chegou a Nova Trento. Em 1890, a jovem ingressou na Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, onde passou a ser chamada de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. De acordo com os relatos oficiais, sua vida religiosa foi um exemplo de dedicação e persistência em favor de populações carentes.


Com 77 aos, no ano de 1942, Madre Paulina morreu, deixando vários devotos que tiverem graças alcançadas, mais tarde reconhecidas por peritos, médicos, teólogos e cardeais da Congregação para a Causa dos Santos.


Em 1991, o então Papa João Paulo II beatificou Madre Paulina, em cerimônia realizada em Florianópolis, transformando-a na primeira santa brasileira, além de colocar Nova Trento no mapa religioso do país.


Hoje, mais de 30 mil peregrinos visitam a cidade, todos os meses. Sua infraestrutura de hotéis ainda é limitada, mas cresce em ritmo acelerado. Não faltam restaurantes com boa comida e bom vinho, produzido de modo artesanal na própria cidade.


É no bairro do Vígolo que estão os principais destaques turísticos que se relacionam à vida da santa. Na Colina da Madre existe uma réplica da casa onde viveu, durante a maior parte de sua vida. Além disso, os turistas podem visitar o Museu da Beatificação, que guarda objetos pessoais, e também o Museu da Canonização, que registra em documentos e fotos todas as homenagens recebidas pela religiosa até se tornar santa.