por Cristiane Collich Sampaio


 


O submarino apresentado no livro Vinte Mil Léguas Submarinas, em 1870, e os comunicadores sem fio, precursores dos celulares, da série de televisão Jornadas nas Estrelas, criada na década de 60, já não causam nenhum espanto. Talvez também venha a ser esse o destino de veículos autônomos, como A Supermáquina, do seriado exibido nos anos 80.


Recentemente a novidade ganhou espaço na imprensa mundial, notadamente nas páginas de publicações científicas e tecnológicas. Trata-se do sistema de direção autônoma, desenvolvido pela Google – a mesma empresa que dá nome ao mais usado sistema de buscas da Internet –, que permite que um carro dispense a presença de um motorista para se locomover. Ao condutor, basta determinar o local que deseja ir. O restante fica por conta do sistema, que emprega bancos de dados, sensores e inteligência artificial, capaz de imitar decisões humanas, para conduzir o veículo, com segurança, ao destino escolhido.


Os testes realizados até agora com os modelos Prius, da Toyota, e TT, da Audi, foram bem sucedidos. Os veículos viajaram por mais de 300 mil quilômetros pelo estado da Califórnia (EUA), sem apresentar problemas.


Eles dispõem de um computador de bordo, que gerencia todas as funções executadas. As unidades estão conectadas a bancos de dados do Google, mapas que possibilitam que os veículos trafeguem pelas ruas, de acordo com seu traçado. Uma câmera de vídeo reconhece sinais de trânsito e ajuda o computador a identificar obstáculos móveis, como bicicletas, animais e pedestres.
Além desses dispositivos, um sensor rotativo – o Laser Imaging Detection and Ranging (Lidar) –, instalado no teto, faz varredura contínua, em todas as direções num raio de 60 metros, de forma a gerar mapas tridimensionais, com tudo o que está ao redor do veículo. Para o rastreamento de elementos mais distantes, cada unidade conta com quatro radares. Outro instrumento mede os movimentos do automóvel e colabora para indicar com exatidão sua posição no mapa.


Mais segurança e economia


 


Embora esse tipo de carro esteja a anos-luz da produção em massa, especialistas acreditam que estes poderão revolucionar o mercado automobilístico e conceitos de trânsito. A Google procurou aperfeiçoar a segurança e a eficiência rodoviária. Segundo técnicos, os robôs motoristas têm percepção espacial de 360º, reações mais imediatas dos que os seres humanos, além de não serem suscetíveis ao sono, à distração e à embriaguez. Para eles, muitas mortes e danos físicos poderão ser evitados com a adoção dessa tecnologia, a qual também deverá contribuir para duplicar a capacidade de vias e estradas e para a maior fluidez do trânsito, já que os carros poderão trafegar respeitando distâncias menores entre si. Outra vantagem é que, como deverá haver diminuição no número de colisões, os carros poderão ter estrutura mais leve e menor consumo de combustível.


Mas para que a nova tecnologia possa ser efetivamente adotada, é preciso, antes, garantir sua integridade, já que o sistema, assim como toda a rede de comunicação, ainda é muito vulnerável a panes ocasionais e a violação por vírus e hackers.