por Márcia Alves


 


Em pleno período de entressafra, a aposta de especialistas do mercado é que o preço do etanol ainda siga em alta até março do ano que vem. De acordo com a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), as usinas não são responsáveis pelos aumentos de preços do etanol, mas o aquecimento da demanda que atualmente está próxima a 2 bilhões de litros por mês.


 


Outro fato que pode influenciar no preço do combustível é a elevação dos preços do açúcar no Brasil, maior produtor mundial, que deve tornar a produção da commodity mais vantajosa que a de etanol nos próximos dois anos.


 


Para tranqüilizar o mercado, a Unica garantiu que apesar dos excelentes resultados obtidos pelo açúcar no mercado externo, as usinas ainda mantêm 45% da cana para a produção da commodity, e o restante para o combustível. "Daqui para frente o etanol sempre terá uma participação maior nas usinas. A maioria das usinas inauguradas recentemente é exclusivamente para a produção do álcool", disse o diretor da Unica, Sergio Prado.


 


Durante o Seminário da Organização Internacional do Açúcar (OIA) que aconteceu em Londres, recentemente, o etanol fez parte da agenda de discussões devido à ampliação da oferta do produto, a relação com o preço do açúcar no mercado internacional e a estratégia do governo brasileiro para o setor.


 


O diretor de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, presente ao evento afirmou que “sem o etanol no mercado, poderia haver um desequilíbrio na oferta mundial de açúcar". No mercado brasileiro, os preços do açúcar dispararam no final de novembro por causa da expectativa de que a estiagem nas áreas produtoras prejudique o desenvolvimento da safra 2011/12. Atualmente, o valor do açúcar é o dobro do praticado no etanol no mercado doméstico e deve continuar assim até 2011.


 


Para Sérgio Prad, o varejo deve ficar atento às recorrentes altas no preço do etanol, pois se o consumidor não vislumbrar a vantagem, o etanol pode permanecer nas bombas de estocagem nos portos. "Se um estabelecimento não tiver vantagem de preço o combustível ficará no tanque do posto, ele não será consumido. Isso aconteceu em janeiro deste ano, quando o preço ficou muito elevado", comentou.