por Denise de Almeida


 


Ainda que lentamente, o mito de que as mulheres não sabem trocar pneus, verificar o nível do óleo do motor ou mesmo diagnosticar um pequeno problema em seu automóvel, vem caindo por terra.  Além de galgarem novos patamares em profissões antes eminentemente masculinas – como a de frentista, por exemplo –, cada vez mais, as mulheres têm se aventurado a apreciar temas antes apenas de domínio do sexo masculino.    


 O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), agência educacional criada e mantida pela indústria, que se dedica a oferecer cursos profissionalizantes em todos os níveis e em quase todos os estados brasileiros, não tem estatísticas que comprovem o aumento do número de mulheres nos cursos técnicos que oferece na linha da mecânica automotiva.    


  Entretanto, Valdir de Jesus, agente de treinamento da escola Senai Conde José Vicente de Azevedo, localizada em São Paulo e especializada na área automobilística, afirma que tem havido um representativo aumento na participação das mulheres entre o público que frequenta o curso de Noções de Mecânica – Veículos Leves. “Proporcionalmente, ainda é pequeno, contabilizando apenas 5% do total de alunos em sala de aula”, diz, mas o interesse é crescente.    


Há pelo menos 15 anos na grade de cursos do Senai, este de noções de mecânica conta com cerca de 12 turmas por ano somente na unidade que Valdir atua, tendo formado mais de 2 mil pessoas durante esse período. Apesar de não habilitar o aluno ao exercício da profissão, é tido como um curso de iniciação profissional e qualquer pessoa pode fazer. Basta ter concluído a 6º série do ensino fundamental e ter, no mínimo, 16 anos completos.    


Com duração de apenas 24 horas, divididas em oito noites com reuniões de 3 horas ou em três sábados com reuniões de 8 horas, o curso é oferecido em quase todas as unidades da entidade no país e apresenta aos alunos os principais sistemas do automóvel, seus componentes e funções, além de orientações sobre manutenção preventiva e corretiva.    


 “Atualmente, para poder atender a todo o Brasil, os cursos do Senai são padronizados e não há um específico para mulheres”, justifica. Mas, em sala de aula, quando há mulheres, o instrutor afirma que faz questão de utilizar uma linguagem menos técnica.  Valdir observa que os interesses delas também variam em relação aos dos homens. “Elas buscam dicas que facilitem um possível socorro e informações, principalmente, para não serem enganadas pelos mecânicos”, constata.    


Mais para além desse universo de iniciação no tema, Valdir observa que, entre os diversos cursos de manutenção de automóveis e de motores oferecidos pelo Senai, há muitos casos de sucesso. “Temos conhecimento de muitas mulheres que fizeram nossos cursos e estão atuando na cadeia automotiva, em montadoras, na reparação, em seguradoras, na inspeção veicular etc.”, garante.  Aliás, Valdir ressalta que há também ex-alunas que hoje são instrutoras, assim como ele.  O que prova, mais uma vez, que profissões diferentes para homens e mulheres são, definitivamente, coisa do passado.