por Márcia Alves


 


Versão preliminar da publicação, que será concluída com as sugestões recebidas pelo site da ANP, orienta sobre estocagem, transporte e manuseio do biodiesel.


O conhecido B5 ou diesel B, resultado da mistura de 5% de biodiesel ao diesel comum, tem causado inúmeros problemas à revenda de combustíveis. O assunto, que foi capa da última edição desta revista, agora será alvo de esclarecimentos em um guia que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pretende lançar em breve.


Por enquanto, existe apenas uma versão preliminar do “Guia de Procedimentos para Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B”, realizada a partir da experiência brasileira e internacional sobre o assunto, a partir da colaboração de representantes do governo federal, do mercado e do meio acadêmico. Até o final de julho a ANP estava colhendo sugestões em seu site para conclusão do guia.


VERSÃO PRELIMINAR DO GUIA DE PROCEDIMENTOS PARA MANUSEIO E ARMAZENAGEM DE ÓLEO DIESEL B
































O que é preciso saber sobre estocagem e transporte:


• O óleo diesel B deve ser estocado preferivelmente pelo prazo de até um mês;


• O combustível estocado por período superior, considerando suas condições de armazenagem, pode deteriorar-se, apresentando formação de material insolúvel;


• A presença de material insolúvel no combustível pode levar à obstrução de filtros e injetores, além de favorecer a formação de depósitos no sistema de combustão e a ocorrência de corrosão;


• O biodiesel e suas misturas com óleo diesel A poderão apresentar formação de sedimentos decorrentes de reações de oxidação, quando em contato com materiais a base de bronze, cobre, chumbo, titânio e zinco. Portanto, o uso desses metais deve ser evitado, tanto no transporte, como no armazenamento do combustível;


• O biodiesel é compatível com aço inoxidável e com alumínio;


• Os tanques utilizados na armazenagem devem apresentar-se limpos, secos e protegidos de luz e temperaturas extremas. Busca-se com isso evitar a oxidação do combustível ou incorporação de contaminante;


• O armazenamento pode ocorrer em tanques subterrâneos ou aéreos, devendo ser observada a temperatura à qual o combustível será submetido;


• Deve-se evitar a exposição do óleo diesel B à gasolina, água ou materiais incompatíveis, buscando-se assim minimizar a oxidação ou incorporação de contaminantes ao combustível;


• Após a lavagem de tanques, tubulações, bombas e filtros, o óleo diesel B deve ser circulado por todo o sistema, em volume adequado para carrear resíduos remanescentes. Em seguida, deve-se drenar todo esse volume de forma a preparar o tanque para o recebimento do produto;


• O biodiesel pode dissolver ferrugem e outras impurezas provenientes de tanques de armazenagem e transporte e, apesar dos efeitos destes contaminantes serem menores no óleo diesel B, pelo seu baixo teor de biodiesel, faz-se necessária a checagem dos filtros periodicamente, de forma a inibir sua obstrução;


• A presença de ar nos tanques de armazenagem pode favorecer a oxidação do combustível. Portanto, como medida preventiva é importante manter os tanques em seu limite máximo, reduzindo assim a quantidade de ar em contato com o combustível;


• É muito importante garantir a contínua renovação do conteúdo dos tanques de estocagem para limitar a presença de combustível envelhecido;


• A drenagem de produto remanescente no fundo do tanque de armazenagem, para a retirada de água, material microbiológico ou outras impurezas deve ser feita regularmente.


 


 


















Como prevenir a absorção de água pelo biodiesel:


O biodiesel, por sua natureza química, possui certo grau de hidrofilicidade. Essa característica tende a favorecer a incorporação de água ao produto, o que deve ser definitivamente evitado. Quando o biodiesel é misturado ao óleo diesel A, a água dissolvida no primeiro pode passar para a fase livre. A presença de água livre pode favorecer o crescimento microbiano de bactérias e fungos, podendo ocasionar o entupimento de filtros e corrosão metálica. A água livre presente nas tubulações e tanques de armazenagem pode ainda propiciar o crescimento microbiológico, gerando a formação da chamada “borra”. Portanto algumas medidas preventivas devem ser incorporadas ao manuseio do combustível:


• Garantir que os tanques e compartimentos de armazenamento e transporte estejam secos antes do abastecimento com o óleo diesel B.


• Checar periodicamente a presença de água principalmente no fundo dos tanques.


• Manter os tanques de armazenamento cheios para minimizar a presença de oxigênio e vapor d’água.


• Drenar equipamentos e veículos que não serão usados por longos períodos, de forma a se evitar o acúmulo de água e a deterioração do combustível.


• Analisar, frequentemente, amostra de seu combustível para verificar sua qualidade, bem como a presença de microorganismos contaminantes.