por Denise de Almeida


 




A ampla campanha de vacinação empregada pelo Ministério da Saúde na luta contra a gripe H1N1 deve apresentar resultados efetivos durante os próximos meses, quando o inverno traz temperaturas mais frias e ar mais seco, e, a transmissão de doenças respiratórias aumenta.


Entretanto, a vacinação em adultos vai muito além disso. Apesar do tema ainda estar quase limitado aos consultórios pediátricos, é bom saber que, freqüentemente, são adultos não vacinados que transmitem gripe, coqueluche e outras infecções para as crianças. E mais: doenças como tétano e difteria hoje acometem praticamente só gente grande, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).


Por isso, e também porque, no Brasil, as campanhas de vacinação em massa não têm mais do que 30 anos, deixando boa parte da população adulta não imunizada contra sarampo e caxumba, por exemplo, o Ministério da Saúde e a SBIm definiram um calendário de vacinação para a população adulta e idosa (veja box), mas, que, infelizmente, ainda está longe de ser realidade.


A recomendação é que um adulto precavido deve se imunizar contra pelo menos cinco doenças (dT, difteria e tétano; Tríplice viral, sarampo, caxumba e rubéola; Hepatite B; Pneumo 23; e febre amarela), mas certas profissões exigem que essa quantidade aumente. E, para quem passou dos 60 anos, não podem faltar vacinas contra o vírus da gripe, a bactéria que causa pneumonia e meningite, já que eles são mais vulneráveis à ação do pneumococo, um dos responsáveis por esses problemas, além do tétano.


Quem mora com gente madura também precisa se vacinar ou poderá levar para casa ameaças que são potencialmente perigosas para o organismo fragilizado dos mais velhos. Uma pesquisa feita pela Universidade Standford, nos Estados Unidos, mostrou que, quando a família inteira está protegida contra contaminações, cai em 85% os riscos de avós e crianças desenvolverem uma infecção aguda.


 


Com o passaporte


 


Dependendo do destino, as vacinas também podem fazer parte do seu pacote de viagem. Além do lugar, o tempo de permanência, a época do ano e outros fatores variáveis importantes, como gravidez, por exemplo, podem influir sobre quais vacinas deve tomar quem viaja.


Em princípio, quem vai para regiões que têm problemas na qualidade da água e dos alimentos precisa se prevenir contra febre tifóide e hepatite A. Se o destino for as florestas da América Latina e da África, a vacinação contra febre amarela é obrigatória (e gratuita, disponível em todos os aeroportos e postos de saúde). Já quem viaja para países do Extremo Oriente (China, Japão, Coréia, Taiwan, Nepal, Índia, Filipinas e Indonésia) não deve dispensar a vacina contra encefalite japonesa, uma doença comum na zona rural dessa parte do mundo. A vacina contra meningite meningocócica A+C é indicada quando se vai para a região desértica da África, conhecida como ‘cinturão da meningite’, e também é exigida legalmente para se entrar na Arábia Saudita. E quem vai para a Tailândia e para alguns países da África deve tomar a vacina pré-exposição contra a raiva canina.


Segundo o Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas, em São Paulo, os surtos de gripe são muito comuns em navios de cruzeiros, por isso, a vacina contra gripe é recomendada para todos os passageiros, e a vacina contra pneumonia é particularmente aconselhada para os que têm mais de 60 anos.


 


 


 


Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso


Recomendações da Associação Brasileira de Imunizações - 2010


 



































































 VACINAS


ESQUEMAS


COMENTÁRIOS


Tríplice viral


(sarampo, caxumba e rubéola)


Uma ou duas doses (com intervalo mínimo de 30 dias) para homens e mulheres até 49 anos, de acordo com histórico vacinal, de forma que todos recebam no mínimo duas doses na vida. Dose única para homens e mulheres com mais de 49 anos.


Contraindicada para imunodeprimidos e gestantes.


Hepatites A, B ou A e B


Hepatite A: duas doses, com intervalo de seis meses após a primeira (esquema 0-6 meses).


• A vacinação combinada contra as hepatites A e B é preferível à vacinação isolada contra as hepatites A e B.


• Esquemas especiais de vacinação contra a hepatite B:


a) para imunodeprimidos e renais crônicos: dose dobrada (2 mL = 40 mcg) em quatro aplicações (esquema 0-1-2-7 meses);


b) para imunocompetentes com alto risco de exposição: dose normal (1 mL = 20 mcg), em quatro aplicações (esquema 0-1-2-7 meses) com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda, e a segunda e a terceira, e de seis meses entre a terceira e a quarta.


Hepatite B: três doses – a segunda um mês depois da primeira e a terceira seis meses após a primei­ra (esquema 0-1-6 meses).


 


Hepatite A e B: três doses – a segunda um mês depois da primeira e a terceira seis meses após a primeira (esquema 0-1-6 meses).


HPV


Para mulheres na prevenção da infecção por papilomavírus humano: de nove a 26 anos em três doses, no esquema 0-2-6 meses com a vacina do laboratório MSD ou de dez a 25 anos em três doses, no esquema 0-1-6 meses com a vacina do laboratório GSK.


A princípio, somente as adolescentes do sexo feminino com mais de nove anos e mulheres até 26 anos deverão ser vacinadas. Sempre que possível, a vacina anti-HPV deve ser aplicada preferencialmente na adolescência, antes de iniciada a vida sexual, entre 11 e 12 anos de idade.


Vacinas contra difteria, tétano e coqueluche


Com esquema de vacinação básico completo: reforço com dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) e após, uma dose de dT a cada dez anos.


• O uso da vacina dTpa está especialmente indicado para adultos que convivem ou cuidam de lactentes menores de 1 ano, visto serem um dos principais transmissores da Bordetella pertussis para esse grupo.


• Deve-se considerar fortemente a indicação da vacina dTpa para idosos.


• Uma dose de vacina dTpa é recomendada, mesmo nos indivíduos que receberam a vacina dupla bacteriana do tipo adulto (dT) há dois ou mais anos.


Com esquema de vacinação básico incompleto ou desconhecido (com menos de três doses anteriores de vacina dT, DTP ou dTPa): completar o esquema de três doses, aplicando uma dose de dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) e uma ou duas doses de dT (dupla bacteriana do tipo adulto) (esquema 0-2-6 meses).


 


Varicela (catapora)


A partir dos 13 anos de idade: duas doses, com intervalo de dois meses.


Indicada apenas para adultos sem história anterior de varicela.


Contraindicada para imunodeprimidos e gestantes.


Influenza (gripe)


Dose única anual.


–


Pneumocócica 23-va­lente


Dose única.


• Recomendada para maiores de 60 anos de idade e pessoas com doenças crônicas (cardiopatas, pneumopatas, diabéticos asplênicos etc.) e outras condições conside­radas de risco para a doença pneumocócica.


Meningocócica C conjugada


Dose única.


Ainda que baixa a incidência da doença meningocócica em pacientes adultos, recomenda-se a vacinação, quando possível ou em casos de surtos.


Febre amarela


Uma dose a cada dez anos, para quem vive ou vai se deslocar para áreas endêmicas.


• Indicada para habitantes de áreas endêmicas de febre amarela e para as pessoas que vão viajar ou mudar-se para essas regiões, assim como para atender exigências sanitárias de determinadas viagens internacionais.


• Vacina contraindicada para imunodeprimidos e gestantes, exceto quando os riscos de adquirir a doença superam os riscos potenciais da vacinação.


• Vacinar pelo menos dez dias antes da viagem.