por Cristiane Collich Sampaio


 


Há diversas razões para se pensar em sistemas individuais alternativos ou complementares à rede pública para a obtenção de energia. Custos, conveniência, preservação ambiental e visão de longo prazo podem influir nas decisões. Os geradores a diesel, ambientalmente discutíveis, e os alimentados pelo vento, de custo elevado, podem ser citados entre as opções disponíveis, especialmente em áreas remotas, não supridas pela rede pública de energia. Há, ainda, a opção de uso da energia proveniente do Sol, que tem a vantagem de ser limpa, não requerer muito espaço para instalações e poder ser usada em zonas urbanas.


A captação da energia solar pode, hoje, ser utilizada em dois diferentes sistemas: o fotovoltaico, que transforma a energia solar em energia elétrica, e o térmico, que a converte em calor, para aquecimento de água, especialmente. O Posto Parque das Rosas, no Rio de Janeiro (RJ), que leva a bandeira da BR Distribuidora, é uma vitrine de ambas as tecnologias.


 


Custos e perspectivas


 


Em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Zeppini Ecoflex criou uma divisão especializada no campo fotovoltaico, a Energia Z. Em junho de 2008 entrou em operação o primeiro eletroposto da empresa, instalado na Região Metropolitana de São Paulo. O gerente de Engenharia de Produtos da Energia Z e da Motor Z, Samir Nunes Ribeiro, explica que se trata de um sistema que não armazena energia em baterias; ao invés disso, ela abastece a rede elétrica da Motor Z, reduzindo sua conta mensal de luz, quando o sistema não está sendo utilizado no abastecimento das motos elétricas, produzidas pela Motor Z. “A primeira carga das scooters é realizada no Eletroposto, que tem capacidade para suprir 250 veículos como este por mês”, esclarece. Ali são gerados 150 kWh/mês, o suficiente para garantir o consumo de uma casa com quatro habitantes.


O representante da Energia Z admite, no entanto, que os custos de instalação e geração são ainda inviáveis no Brasil. O segundo eletroposto – inaugurado em junho de 2009 no Posto Parque das Rosas, na Barra da Tijuca – custou cerca de R$ 70 mil e a energia produzida é pelo menos três vezes mais cara do que a da rede oficial.


“O investimento foi da BR Distribuidora, que, por conta disso, teve grande exposição na mídia, reforçando aspectos positivos da sua imagem, já que a energia solar é limpa”, assegura. Além de ser uma importante ação de marketing da companhia, o projeto se destina ao abastecimento dos cerca de 200 veículos elétricos que já trafegam pelas ruas daquela cidade. Da mesma forma que na unidade paulista, a energia restante é injetada na rede elétrica do posto, minimizando seus custos. As instalações ocupam cerca de 23 m2 e geram 110 kWh/mês.


Segundo Samir Ribeiro, a Zeppini Ecoflex aposta no futuro da energia fotovoltaica. “Há previsão da adoção do sistema nos EUA e na China, devendo contribuir para a queda nos preços dos módulos, o que, mesmo sem esse impulso, já vem ocorrendo de forma gradual”, informa. Também no Brasil cresce o interesse na fonte solar para diversificar a matriz. “Há 18 projetos de lei tramitando no Congresso Nacional que procuram fomentar essa indústria, por meio de incentivos aos fabricantes de equipamentos e ao consumidor”, diz o técnico.


 


O case solar da BR


 


O posto também é modelo na aplicação térmica da energia solar. Em dezembro de 2009, o estabelecimento também passou a contar com uma usina solar térmica (UST). É uma unidade modular desenvolvida e produzida pela E2Solar, destinada a fornecer água quente para a lavagem de veículos. O investimento da BR nessa estrutura – de R$ 45 mil, aproximadamente – teve como objetivo eliminar o uso de detergentes na lavagem e, com isso, tornar mais eficiente e mais barato o processo de reuso dessa água.


“As USTs são unidades de aquecimento solar, compostas por coletores e reservatórios com capacidade total de 2,5 mil litros, que possibilitam associar módulos para compor sistemas ainda maiores”, revela o diretor comercial da E2Solar, Laercio Lopes. Segundo ele, as USTs também podem ser instaladas em indústrias, residências etc. e foram projetadas para uma vida útil superior a 20 anos.


A UST foi instalada próximo do local de lavagem de veículos, recebendo água na temperatura ambiente para produzir cerca de 4 mil litros de água com temperatura superior a 80ºC, por dia. Essa água é misturada automaticamente com água fria, gerando uma mistura com temperatura média de 45º, a qual alimenta a lavadora. Esse equipamento opera com pressão de trabalho de 1,6 mil psi e vazão de 720 litros por hora, volume suficiente para a lavagem de 10 a 20 carros. Conforme informação de Lopes, hoje o posto realiza, em média, 50 por dia. Mas o sistema também pode ser aproveitado em vestiários e refeitórios, especialmente em postos de estrada.