por Márcia Alves


 



Não há destino certo no Brasil para os veículos velhos e fora de uso que lotam os pátios dos departamentos de trânsito estaduais ou que são abandonados em vias públicas ou terrenos baldios. Porém, este problema poderá ter solução ainda este ano com a implantação dos centros de reciclagem de veículos.


Com uma frota nacional que já beira os 28 milhões de veículos, com idade média de 9 anos, o Brasil está um pouco atrasado em matéria de reciclagem. No país apenas 1,5% da frota de veículos que sai de circulação vai para o processo de reciclagem, de acordo com estimativa do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa (Sindinesfa).


O oposto ocorre na Europa e nos Estados Unidos em que o índice de reciclagem chega a 95%. Na América Latina, a Argentina vem se destacando na reciclagem automotiva, graças a uma lei de 2002 que exige que os veículos fora de uso sejam enviados para centros autorizados de tratamento.


Além de contribuir para o combate à poluição ambiental, a reciclagem traz benefícios sociais e econômicos. Os centros determinam o destino de veículos abandonados a céu aberto, que acabam se tornando um risco para a saúde pública, pois possibilitam a proliferação de mosquitos da dengue. Após o processo de reciclagem, as peças que podem ser reaproveitadas em outro veículo são tratadas e vendidas a preços 30% mais baratos que as originais, gerando economia para o consumidor.


O Brasil tem todas as condições para desenvolver essa atividade, segundo o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil), entidade que detém conhecimentos técnicos nessa área. O centro de pesquisa tem articulado junto à iniciativa privada a implantação de centros de reciclagem de veículos, sendo que o primeiro do país deverá ser inaugurado no primeiro semestre de 2010.


Box 1 – Etapas da reciclagem


No modelo adequado de reciclagem, o veículo passa primeiro por um processo de descontaminação, quando são retirados todos os fluidos, gases e elementos com potencial de contaminação. Na segunda etapa, é feita uma avaliação geral para identificar as peças que poderão ser aproveitadas.


Em seguida, os componentes selecionados passam por processo de retífica, em que também podem ser reutilizadas as matérias primas para a fabricação de outras peças. Por último, as peças são identificadas, embaladas e estocadas. As partes que não podem ser aproveitadas são recicladas, e sua matéria prima pode ser usada na fabricação de outros produtos.


Propostas para a reciclagem


Atualmente, tramitam no Legislativo federal dois projetos de lei que pretendem oficializar a reciclagem no país. O PL 4.538/08 propõe que os veículos considerados como perda total pelo seguro, ao invés de desmontados e vendidos em peças, sejam comercializados como sucata. Já o PL 13.546/09 prevê a legalização dos desmanches, determinando a gravação das peças com o número do chassi. “A reciclagem reduz a poluição por meio da remoção e destinação correta dos componentes em desuso do veículo e gera economia com a venda de peças reutilizáveis, diminuindo o número de roubos e furtos que alimentam o comércio ilegal”, reforça o diretor de operações do Cesvi, José Aurélio Ramalho.