por Márcia Alves


 


Até o início da década de 80, era comum em muitos países, inclusive no Brasil, o uso de chumbo na gasolina para aumentar a octanagem. Porém, depois que foram conhecidos os efeitos nocivos desse elemento químico na saúde humana, principalmente como um desencadeador de problemas mentais em crianças, o seu uso passou a ser controlado. No Brasil, a utilização do chumbo foi totalmente eliminada em 1992.


Mas não se pode dizer que o país esteja livre da presença desse metal. Em São Paulo, um estudo da química Ana Maria Graciano Figueiredo, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), revelou que 14 parques públicos do município estão contaminados por chumbo, originados pela deposição atmosférica de partículas geradas pelo tráfego de automóveis. “Sabe-se que o Pb (chumbo) é relativamente insolúvel e que tem alta afinidade e pouca mobilidade na superfície do solo, o que poderia explicar os altos teores ainda encontrados nesses parques, principalmente entre os mais antigos”, explica.


A especificação da gasolina brasileira define um teor máximo de 0,005g/L (gramas de chumbo por litro de gasolina), limite mínimo em acordo com os padrões mundiais. Mesmo assim, segundo o químico Rodrigo Alejandro Muñoz, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), o efeito acumulado é potencialmente prejudicial à saúde e ao meio ambiente. "São baixas concentrações, mas em uma cidade como São Paulo, com quase 8 milhões de veículos, alguns muitos mal regulados, o acúmulo desses elementos tóxicos é considerável", afirma.


No Brasil, algumas medidas já foram adotadas para reduzir as emissões veiculares. A utilização do etanol e do biodiesel como alternativas para o abastecimento de automóveis é uma delas. Outra é a redução dos teores de enxofre no diesel, como vem fazendo a Petrobras. Em São Paulo, a inspeção veicular também tem ajudado a monitorar o nível de emissão de poluentes da frota. “Mas, ainda seria preciso investir em transporte público, para que as pessoas deixassem seus automóveis na garagem”, sugere a química Ana Maria.