por Elaine Paganatto


 


Posto de Observação - Há quanto tempo você pratica a pescaria?


Eliana Augusto - Iniciei na pescaria há 30 anos, quando morava em Porto Alegre. Sou do interior de São Paulo (Lucélia) e o Dirceu (meu marido), que era bancário, foi transferido. Estávamos com dois filhos pequenos, longe da família e conhecemos alguns de seus clientes, que gostavam de pescar e também já faziam parte de clubes de pesca. Descobri que pesca também era coisa de mulher.


Participo da modalidade Pesca de Arremesso (Surfcasting) ou simplesmente “beira de praia”, que possui adeptos no mundo inteiro, principalmente na Europa onde o esporte possui grande destaque.


 


PO - Onde costuma praticar seu hobby?


E.A -Faço parte de um clube de pesca (CPEVAP) aqui em São José dos Campos (SP), que é filiado à Federação Paulista de Pesca (FPPL) e também à Confederação Brasileira de Pesca (CBPDS), ambos são os responsáveis pela organização dos campeonatos Paulista e Brasileiro de Pesca, respectivamente.


Quando participo de competições estaduais pesco do litoral norte ao sul, mas meu “quintal” é a Praia de Massaguaçú, em Caraguatatuba (SP). Porém, quando a organização é nacional, pode ser qualquer ponto do nosso litoral.


 


PO - Já ganhou medalhas, títulos?


E.A – Sagrei-me campeã estadual por vários anos seguidos. Tenho também vários títulos de campeã brasileira, tanto individuais como por equipe. A última conquista foi no ano passado em Vitória (ES), quando fiz parte da seleção paulista e conquistamos o titulo de campeãs brasileiras. Individualmente fiquei em terceiro lugar.


Os campeonatos mundiais são os mais importantes e já integrei a seleção brasileira em Portugal (3 vezes), França (2 vezes), Inglaterra e Brasil, em outubro/2007, a ultima edição.


No total foram sete participações, sendo que em cinco fomos campeãs mundiais por equipe, inclusive a última no Brasil; e duas vezes campeã mundial individual: uma em Portugal e outra na França. Atualmente, sou terceira colocada feminina, e a melhor atleta brasileira no mundial realizado no Brasil.


A primeira edição do mundial de pesca com a categoria feminina ocorreu em 1988 na França, e ao término do campeonato, fui a atleta que pegou o maior peixe de toda a competição (masculino/feminino).


 


PO - O que é necessário para se tornar uma boa pescadora?


E.A - Como outro esporte qualquer, dedicação, treinamento e material adequado são indispensáveis. Mas o que realmente faz a diferença é aprender a observar o mar e as características de cada peixe. Cada pescador desenvolve a sua própria técnica, não existe um “manual” em que se pode fazer pesquisas e absorver regras. A observação e o conhecimento do local são os maiores segredos de um bom pescador


  


PO - Há modalidades e equipamentos específicos?


E.A - Como minha modalidade é a pesca de praia, necessito de um bom preparo físico para fazer os arremessos na água, que chegam a distâncias de 130 metros; agüentar quatro horas em média de competição, caminhar na areia fofa, carregando todo o equipamento, que não é leve.


Como faço parte de competição, o equipamento é especifico, pois para cada situação necessito de varas maiores ou menores, o mesmo prevalecendo para os molinetes, linhas ou anzóis. Na maioria das situações usamos linhas muito finas, mas que possuem qualidade e resistência; anzóis pequenos (nosso maior anzol é o menor de um pescador comum), isto nos proporciona maior sensibilidade, mas exige habilidade ao retirar o peixe da água.


 


PO - Tem idéia de quantas mulheres existem hoje competindo?


E.A - Hoje, existem mulheres participando nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e Rio de Janeiro, sendo que cada um deles conta com mais ou menos 30.


 


PO - Fenômenos da natureza interferem na pescaria?


E.A - Fatores como sol e chuva não interferem, causam somente desconforto para nós que estamos na beira do mar. Porém, fatores que envolvem o mar como uma ressaca, por exemplo, afetam a pescaria, exigindo um chumbo mais pesado, e a pesca tende a ficar mais difícil quando isso acontece. O mais importante numa pescaria seja ela de lazer ou competição é observar as mudanças da lua e a movimentação da maré, são estes dois fatores que mais determinam uma boa ou má pescaria.


 


PO - Numa competição o que é avaliado?


E.A - Existe sempre um regulamento que determina o que é válido ou não. Como regra geral, há uma pontuação para cada peixe e outra para seu peso e faz-se a somatória (por exemplo: cada peixe vale dois pontos e um ponto para cada 100g). Vale lembrar que em nossas pescarias de lazer praticamos o “pesque-solte”, só retiramos da água os peixes que vamos consumir, enquanto nas competições oficiais é feita a doação para alguma entidade carente pré-determinada.


 


Mudando de assunto:


 


PO -Você foi homenageada como cidadã joseense? Como foi sua indicação?


E.A - Para mim foi uma grande surpresa quando soube que iria receber o titulo de Cidadã Joseense, pois nunca tive este tipo de ambição e ainda me sinto um pouco constrangida. Somente depois da aprovação da minha indicação, é que fiquei sabendo que foi o Vereador Rogério Cyborg que me indicou para receber o titulo pelas minhas conquistas e por levar o nome da cidade até para fora do país. 


A cerimônia foi realizada no dia 06 de junho de 2008, na Câmara Municipal de São José dos Campos.