por Márcia Alves


  


Os veículos evoluíram e com eles a qualidade dos óleos lubrificantes no país. Mais do que apenas lubrificar, o óleo tem outras funções importantes dentro do motor, como refrigerar, limpar, proteger contra corrosão e vedar a câmara de combustão contra a entrada de partículas contaminantes. Mas, entre todas as especificações, a viscosidade e o desempenho são vitais, segundo o auditor responsável pela Certificação de Serviços do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), José Palácio.


 


Viscosidade


A fluidez do óleo é definida por padrões de classificação da Society of Automotive Engineers (SAE). “Quanto maior o número, maior será a viscosidade”, diz Palácio. Os valores de viscosidade são obtidos experimentalmente em laboratório por meio do viscosímetro, um aparelho que mede o tempo em que uma certa quantidade de fluido leva para escoar através de um pequeno tubo (capilar) a uma temperatura constante.


 


Usar a viscosidade errada do óleo de motor ou de câmbio pode alterar a performance e a economia de combustível do veículo. Em baixa temperatura, um óleo muito espesso impedirá a correta lubrificação do motor do veículo, aumentando o atrito das partes móveis e provocando maior desgaste. Por outro lado, em alta temperatura, um óleo de baixa viscosidade pode se revelar muito fino e provocar queda na pressão e vazamento para a câmara de combustão. Entretanto, o auditor da IQA ressalta que, “o óleo ideal é aquele definido pelo fabricante do motor”.


 


Palácio explica que a classificação SAE divide os óleos lubrificantes em dois grupos. No primeiro, estão os óleos de “grau de inverno”, que possibilitam uma fácil e rápida movimentação, tanto do mecanismo quanto do próprio óleo, mesmo em condições de frio rigoroso ou na partida a frio do motor. A viscosidade é medida a baixas temperaturas e tem a letra “W” acompanhando o número de classificação.


 


O outro grupo é o de óleos de “grau de verão”, que trabalham em altas temperaturas, sem o rompimento de sua película lubrificante. “Quanto mais quente, menos viscoso se apresenta”, diz o auditor. “Um óleo SAE 20W/50, por exemplo, mantém a viscosidade adequada, tanto em baixas temperaturas (se comportando como um óleo SAE 20W), facilitando a partida a frio, quanto em altas temperaturas (se comportando como um óleo SAE 50), garantindo uma perfeita lubrificação”, explica.


 


Desempenho


O nível de desempenho do óleo obedece a especificações estabelecidas pela American Petroleum Institute (API). Nos testes, os lubrificantes são avaliados em motores funcionando sob condições rigidamente controladas. Quanto mais alta a classificação de um óleo, maior o seu poder de limpeza e proteção. Um SJ, por exemplo, é superior a um SH, que é melhor que um SG e assim por diante.


 


A evolução dos motores obrigou à adequação dos óleos, que receberam aditivos para atender às exigências dos fabricantes em relação à proteção contra desgaste e corrosão, redução de emissões e da formação de depósitos, entre outros. Atualmente, o nível API SL é o mais avançado. O "S" significa Service Station e a outra letra define o desempenho, como nas classificações SJ, SH, SG etc.


 



ANP retira óleos obsoletos do mercado


Em vigor desde 1º de março, a Portaria nº 10 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou a retirada do mercado de óleos lubrificantes com classificação API SE, CE, CC e CD. Por um lado, a portaria foi criticada porque estabeleceu apenas a data do fim da comercialização, mas não a de produção, causando transtornos a alguns revendedores desavisados que mantinham estoque dos produtos. Mas, por outro lado, a elevação das classificações mínimas dos óleos lubrificantes no país foi aplaudida pelo setor.