A preocupação mundial com novas fontes de energia renovável colocou o Brasil em destaque nos últimos anos. Hoje, o país tem 44,7% de sua matriz baseada em energia capaz de ser renovada. Na média mundial, esse percentual está em 13,5%. Entre os países desenvolvidos, a participação dos renováveis é metade da média global. Para o álcool, que enfrentou problemas no passado, o incentivo veio da produção em escala dos veículos flexíveis, os quais correspondem atualmente a 80% de todo volume fabricado. O gás natural veicular – uma grande promessa na substituição da gasolina –, depois do impacto da política de nacionalização boliviana, acabou abrindo espaço para os biocombustíveis.


Mas, o fator decisivo para o incentivo ao biodiesel está na constante elevação do preço do petróleo no mercado internacional, que onera a balança comercial do país por conta da necessidade de importação de die­sel, a­tualmente em torno de 4 bilhões de litros por ano.


O Governo planeja produzir neste ano 70 milhões de litros do novo combustível, o que representa 8% do volume necessário para atingir a obrigação legal de misturar 2% de biodiesel em todo óleo diesel comercializado no país, que vigorará em 2008. Embora esse percentual suba para 5% em 2013, fala-se no Governo em antecipar essa meta que, por enquanto, ainda encontra resistência entre empresas do setor.


O principal gargalo do biodiesel ainda é o custo de produção, um pouco mais alto que o do diesel. Especialistas da área acreditam que uma solução para reduzir custos seria a venda direta do produto para os postos, mas a medida dependeria da alteração do marco legal.


Atualmente, 1750 postos da BR já comercializam biodiesel misturado ao diesel, 210 da Ale e a Shell deverá iniciar a venda em mil postos da rede até o final de 2007. Do lado do consumidor, as primeiras notícias dão conta que a mistura de biodiesel está pesando no bolso. Em meados de agosto, algumas transportadoras se queixavam da alta de cerca de 2% no preço do diesel, verificado em algumas regiões do Mato Grosso, por conta da antecipação de revendedores que em breve passarão a comercializar biodiesel.


 Biodiesel e H-Bio


Lançado no início de junho pela Petro­bras, o H-Bio é um tipo de diesel produzido pela mistura de óleo vegetal com óleo mineral, mas com menor quantidade de enxofre em sua formulação e, portanto, menos poluente. Inicialmente, a Petrobras produzirá com a nova tecnologia 1% do diesel hoje consumido pelo país. Mas o H-Bio permitirá ao Brasil reduzir em 15% suas importações de diesel, o que representa cerca de 250 milhões de litros por ano e uma economia de US$ 145 milhões nesse período.


A diferença entre bio­diesel e H-Bio é que o primeiro é um óleo vegetal sem glicerina, enquanto que o segundo é um diesel de petróleo com 10% de óleo vegetal. Mas isso não significa que a adição de 10% de óleo vegetal ao biodiesel o transforme em H-Bio, porque este recebe hidrogênio em sua composição. Do ponto de vista mecânico, os átomos de oxigênio do biodiesel promovem um aumento de lubricidade, e conseqüentemente da vida útil de peças do motor diesel. Dados dos fabricantes de autopeças atestam que 2% de biodiesel adicionados ao diesel aumentam em cerca de 50% a lubricidade do combustível.


Já o H-Bio não possui enxofre, como o biodiesel, mas também não possui oxigênio. Esse déficit dos elementos de enxofre e oxigênio faz com que o H-Bio tenha lubricidade menor que o diesel. No futuro, entretanto, o H-Bio não concorrerá com o biodiesel, mas será um complemento. Tanto que a meta da Petrobras é aumentar gradualmente a proporção de biodiesel ao diesel, até que não se precise mais do H-Bio.


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