A luta histórica da revenda de combustíveis contra as altas taxas cobradas pelas administradoras de cartões e os longos prazos para ressarcimento, tem inspirado diversos segmentos a também protestarem. O episódio mais recente desse embate envolveu as panificadoras e a rede Fran’s Café contra as administradoras de cartões e de vales-refeição. As padarias se queixam de terem pagar cerca de 4% de taxa sobre do valor vendido e de esperarem 30 dias para o ressarcimento, além dos custos do aluguel da máquina e dos pulsos de telefone. O mesmo problema afeta também as lojas fran­queadas da Fran’s Café, que pagam 4% de taxa sobre o cafezinho, que custa R$ 1,90.


O diretor de marketing do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan), Hugo Tosta, contou que há tempos as panificadoras tentam negociar a redução de taxas com as administradoras. Mas, apenas recentemente o sindicato decidiu assumir a negociação. “Infelizmente, nenhuma das administradoras aceitou negociar. Apenas uma empresa de vale-refeição nos atendeu e baixou a taxa de 8% para 6%”, lamenta. Tosta explica que as panificadoras não têm tanto poder de barganha quanto outros segmentos, já que o tíquete médio desse tipo de comércio é de apenas R$ 6,00.


Procurada pela reportagem, a rede Fran’s Café não quis se pronunciar sobre o assunto, dizendo ter encerrado as tratativas, sem êxito, diga-se de passagem. A assessoria de imprensa apenas justificou que a Fran’s Café não pode negociar em nome de suas franqueadas, já que cada uma tem autonomia para aceitar ou não cartões. Na prática, entretanto, tanto algumas panificadoras quanto franqueadas da rede de café estão limitando o valor para compra com cartões ou deixando de aceitar.


Embora o uso de cartões de crédito não pare de crescer – já são 71 milhões em uso no país, aceitos em mais de 1 milhão de estabelecimentos – o comércio, mesmo reconhecendo as facilidades do dinheiro de plástico, pleiteia redução de prazos e taxas. No caso da revenda de combustíveis, que fez história como o primeiro segmento a enfrentar essas gigantes e paralisar a aceitação em todo o estado de São Paulo, com o protesto liderado pelo Sincopetro nos idos de 2002, as reivindicações ainda são as mesmas do passado. A diferença é que os revendedores passaram a ter mais clareza do custo do cartão de crédito em suas finanças e, desde então, muitos não aceitam mais.


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