A adulteração de combustíveis não prejudica apenas os revendedores que trabalham honestamente ou o Estado que deixa de receber os impostos devidos. O consumidor talvez seja a maior vítima, porque além de pagar por um produto ruim, ainda sofre com os danos causados ao veículo e arca com os custos de reparação. Sem falar nos riscos para a saúde, porque o combustível adulterado produz mais resíduos, mais poluição, e alguns desses produtos clandestinos contêm até mesmo agentes cancerígenos.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os prejuízos causados pela adulteração apenas para os veículos ainda com garantia de fábrica passam dos US$ 50 milhões por ano. Nas oficinas mecânicas, estima-se que 30% dos veículos avariados sejam em decorrência de danos provocados pela adulteração. Consultado pela revista Posto de Observação, o representante da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea, Henry Joseph Jr., descreveu quais os principais danos causados aos veículos por combustíveis adulterados.
• “Álcool molhado”
A adição de água no álcool anidro aumenta violentamente a corrosividade do mesmo, muito mais do que a do álcool hidratado natural. Isso prejudica a bomba de combustível, filtros, bicos injetores e quaisquer componentes que tenham contato com o combustível, bem como haverá danos à dirigibilidade do veículo, dificuldade de partida, aumento de consumo e, eventualmente, pane total.
• Adição de álcool anidro na gasolina acima de 25%
Depende de por quanto tempo a gasolina com excesso de álcool abastecer o veículo, pois os danos variam de um modelo para o outro e de fabricante também. Influencia, ainda, o estado de manutenção e conservação do veículo. Porém, de modo geral, com a presença de álcool na gasolina acima dos 25% já há perda de dirigibilidade, diminuição de desempenho e falhas na aceleração. Acima de 30%, os problemas se agravam rapidamente e pode haver o comprometimento de materiais e componentes.
• Adição de solventes à gasolina
Dos produtos usados para adulterar, o mais prejudicial é o solvente, visto que sua presença na gasolina não é facilmente notada. Entretanto, após algum tempo, o uso de gasolina contendo solventes gera enormes prejuízos, pois ataca diversos materiais e componentes, forma depósitos nas câmaras de combustão e nas válvulas, entope bicos injetores e filtros, quebra bombas de combustível e, muitas vezes, faz com que os motores tenham que ser abertos para limpeza. Além disso, o consumo é bastante prejudicado e as emissões de poluentes aumentam exponencialmente.
• Adição de óleos vegetais no diesel
acima do limite do B5
É preciso esclarecer que o biodiesel e as misturas B2 ou B5 são óleos vegetais que sofrem um tratamento químico antes de serem misturado ao diesel. Nesse processo, a glicerina, que é bastante prejudicial aos motores, é totalmente removida. A menos que seja para aplicações específicas em motores especiais, a mistura de óleos vegetais in natura – ou seja, como eles são usados para fins alimentícios – no óleo diesel não é aceitável, pois causa problemas sérios aos veículos, podendo levar à parada total do motor. (MA/CCS)