Em novembro de 2004, foi dado início a uma campanha, cuja proposta era chamar a atenção das autoridades para o grave problema da adulteração de combustíveis e também alertar a população acerca dos prejuízos que essa prática causa ao motor do carro e ao seu bolso. Foi buscando colaborar com a disseminação dessa informação que o Sincopetro e a Rádio Bandeirantes AM decidiram firmar parceria.
De acordo com o editor executivo da Rádio Bandeirantes, Luís Nogueira, do Manhã Bandeirantes, sempre houve a vontade de fazer algo, no que se referia a esse tipo de fraude. “Ouvíamos muitas reclamações de pessoas que tiveram problemas com combustível adulterado, mas não imaginávamos como podíamos ajudá-las sem nos arriscar a cair em descrédito, caso não tivéssemos respaldo de alguma entidade conhecida e ligada ao setor”. Nesse meio tempo, a rádio solicitou uma entrevista ao presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, justamente para abordar o problema da adulteração e este comentou que a entidade possuía o equipamento de análise. Foi, então, que surgiu a idéia da parceria entre a Bandeirantes AM e a entidade de postos.
Menos adulteração
Os resultados no início da campanha surpreenderam muito. O índice de adulteração era bastante elevado. A campanha ainda funcionou como um termômetro para checar a audiência da Bandeirantes, já que o ouvinte paulistano comparecia em massa aos locais de análise, criando enormes filas de carros. “A cada análise era possível acompanhar a indignação dos consumidores, já que muitos abasteciam há anos num mesmo posto”, salienta. Na zona Leste da capital paulista, o teor de álcool na gasolina chegava a mais de 60%, quando o permitido era de 25%.
Nogueira diz que foi gratificante para a rádio e, acredita que também para o sindicato de postos, quando, a partir da campanha, as autoridades passaram a punir com maior rigor os fraudadores. “O governo de São Paulo decidiu sancionar a Lei 11 929 que pedia a cassação da inscrição estadual do estabelecimento pego com produto adulterado”, destaca. A verdade também é que o índice de adulteração caiu significativamente após alguns meses de campanha.
Segundo o editor, a campanha não tem prazo para terminar, mas algumas alterações serão realizadas. “O fato de ela ocorrer apenas durante a semana limita; por isso, pensamos em realizá-la em outros dias como sábados, domingos ou feriados e em locais de fácil localização que costumam reunir um grande número de pessoas, como shoppings centers ou em eventos como bienais, exposições, mostras etc”.
Após um ano e oito meses (completos em julho de 2006) de campanha, ele diz ter a certeza de que a colaboração da rádio foi fundamental. “Muitas pessoas puderam constatar que o amigo-dono-de-posto em quem ele confiava o enganava há tempo. Nós o ajudamos a se decidir pela troca do posto, o que fez muito bem à ‘saúde’ de seu carro e de seu bolso, conseqüentemente”.
A campanha é levada ao ar durante a realização das análises e posteriormente durante a programação em que se fazem balanços acerca dos resultados, informando o ouvinte que esteve no local. O Sincopetro informa os resultados no local e por intermédio do site www. sincopetro.org.br, mediante uma senha distribuída pelos coordenadores da campanha no ponto de análise. (EP)