Os caminhos para o equilíbrio da independência empresarial da revenda

CONHECER A FUNDO TODOS OS PROBLEMAS E TODAS AS PROPOSTAS DA CATEGORIA É TAMBÉM SER EMPRESÁRIO E REAL DONO DO NEGÓCIO.

Há quem, entre os revendedores de combustíveis há mais tempo na categoria, que frequentemente ainda deixa escapar aquela saudade: “éramos felizes e não sabíamos”, referindo-se à época em que os preços e margens dos combustíveis eram tabelados pelo governo, quando, para cálculo da margem, 132 mil litros vendidos equivaliam a determinado número de frentistas, quando só era possível abrir um novo posto ou alterar o estabelecimento de endereço se os militares permitissem – já que a atividade era considerada de segurança nacional –, e tantas outras restrições impostas no período anterior a 1990.

De lá pra cá, há mais de 30 anos, com o fim da interferência governamental e a abertura do livre mercado para os combustíveis, o setor tem enfrentado desafios intermináveis diante de tantos novos fatos que, dia após dia, vão minando qualquer possível equilíbrio e/ou perspectivas favoráveis – e, diga-se, não só para os revendedores, mas para a cadeia de abastecimento como um todo.

Se por um lado, ao longo dessas três décadas, os revendedores se tornaram reais empresários e donos de seus próprios negócios, por outro, ainda hoje, têm tido de lutar com unhas e dentes para alcançar essa soberania e liberdade empresarial, preconizada e vislumbrada lá atrás.

Da construção de legislações mais severas e punitivas diante das irregularidades à simplificação tributária que facilite a operação em todos os elos da cadeia, a categoria da revenda vive em constante incerteza, numa corda bamba, e o equilíbrio ainda está longe de ser realidade.

Quem são os leões

Nesta luta, quase sempre o inimigo é visível, mas as regras da batalha quase nunca são claras, obrigando o revendedor a, ora ser aliado e ora ser contrário, a um parceiro comercial, como as distribuidoras, ou um legislador, como as entidades governamentais.

E os exemplos são inúmeros, conforme exposto em inúmeras matérias desta edição da PO.

Falando especificamente da categoria, o livre mercado trouxe muitos benefícios, mas atraiu também verdadeiros golpistas, especializados em fraudar o Fisco, e colocou, no mesmo balaio, o dono de posto íntegro e honrado com os aproveitadores da liberdade econômica, resultando numa imagem bastante negativa da categoria perante o consumidor e a própria fiscalização.

Paralelamente, os revendedores têm ainda de lutar diariamente contra as incontáveis tentativas de ingerência nas atividades econômicas de seu negócio, seja por parte das distribuidoras com as quais mantêm certo grau de relacionamento, seja por parte do próprio governo, com tentativas de controle de margens e preços.

Nas atividades fiscalizatórias, então, o bicho é papão.

Todo dia tem alguém visitando o posto; até quem não tem autoridade para tal, como aconteceu recentemente com agentes do CREA/SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo).

Quais são os caminhos?

A luta parece, de fato, infindável. E é. O Sincopetro, como representante oficial de mais de 6,5 mil revendedores de combustíveis no estado de São Paulo, combate há quase 80 anos toda tentativa de derrubar a categoria, tão essencial para o equilíbrio e independência da atividade.

Não fosse, aliás, a união sindical possivelmente não teria sobrado ninguém para ter saudade do tempo em que os preços eram tabelados.

O aprendizado mostra que não há como manter um empresário de qualquer atividade em pé, se não houver outro também na sustentação.

Para cada um dos desafios que se apresentam atualmente para a revenda, tão bem detalhados nas matérias desta edição da PO, o Sincopetro busca e apresenta soluções jurídicas, administrativas e, em muitos casos, até políticas, no sentido de manter a categoria alinhada e unida.

Conhecer a fundo todos os problemas e todas as propostas da categoria é também ser empresário e real dono do negócio. O Sincopetro luta, diuturnamente, pela independência de todos os revendedores do Brasil, atuando em conjunto com outras entidades do segmento espalhadas pelo país, e, especificamente, por aqueles que representa em São Paulo.

Fazer e promover alianças em torno de interesses comuns tem sido, de longe, o melhor aliado na conquista de soberania e independência empresarial, resultando em ganhos maiores para todos os revendedores de combustíveis do país.

Por Denise de Almeida