Em momentos de crise, cada pessoa reage de uma forma. Alguns se desesperam, outros fogem da realidade ou sucumbem e parte enfrenta a situação, mas com algum sofrimento. Uma minoria, entretanto, consegue não apenas enfrentar a crise, como ainda enxergar o lado positivo da situação, extraindo algum aprendizado e experiência. As pessoas deste pequeno grupo são classificadas como resilientes. A resiliência é um conceito originado da física e remete à capacidade de determinados materiais de “acumular energia” quando submetidos a situações específicas, absorvendo os impactos, sem se romperem e, ainda, voltando à forma original. No conceito popular, seria como o bambu, que balança, enverga para um lado e o outro, mas não quebra. No mundo corporativo, a resiliência é condição mais que valorizada, já que são poucos os funcionários que conseguem transformar crises em oportunidades. Não por acaso, a resiliência é uma característica mais presente no sexo feminino. As mulheres enfrentam melhor a pressão, têm maior capacidade de resistência, conseguem adaptar-se a novos desafios e são mais flexíveis do que os homens. Esta foi a percepção de 71% de 500 executivos seniores de várias partes do mundo, entrevistados pela Consultoria Accenture. Deste grupo, 60% disseram oferecer iniciativas de aperfeiçoamento para a carreira de suas profissionais e 40% estão preparando-as para cargos de gerência sênior. Se as mulheres são mais resilientes que os homens, logo, são mais empreendedoras também. Prova disso está na última grande pesquisa sobre o assunto realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), segundo a qual metade dos empreendedores brasileiros é composta por mulheres (49,3%), representando um universo de 10,4 milhões de profissionais no comando de suas empresas. O dado é confirmado também por um levantamento do Sebrae, que aponta em grupos de cada cem Empreendedores Individuais a existência de 45 mulheres. Mais 61 mil delas estão à frente de uma franquia, que fatura até 32% a mais que as lojas gerenciadas por homens, segundo a consultoria Rizzo Franchise, especializada nesse tipo de negócio. Ao todo, as mulheres são responsáveis pelo sustento de 35% dos lares brasileiros. Para o consultor Eduardo Carmello, em todos os ambientes - casa, trabalho e sociedade -, as mulheres se mostram mais prontas para exercer três competências essenciais no mundo contemporâneo: resiliência, bom humor e solidariedade. "Viver apagando fogo, sem criar saídas, todo mundo faz. Agora, transformar um negócio em uma causa e saber ser flexível não é para qualquer um. É preciso sair da inércia. Resiliente não sonha, realiza", define.