por Márcia Alves
O fim do período chuvoso e a chegada da estiagem trazem duas ameaças à saúde: a dengue e a gripe. Nestas condições atmosféricas, o mosquito da dengue ainda está em plena atividade e o vírus da gripe começa a circular de forma mais intensa. A princípio, os sintomas das duas doenças são parecidos, mas, segundo especialistas, se manifestam de maneiras diferentes e exigem tratamentos distintos.
Ambas as doenças começam provocando febre e dor no corpo. Mas, horas depois ou no dia seguinte, se diferenciam. De acordo com o diretor do departamento de infectologia do Hospital Heliópolis, de São Paulo (SP), Juvêncio Furtado, a gripe apresentará sinais respiratórios, como tosse com secreção clara, corrimento nasal, olhos avermelhados e face inchada. Já a dengue causará dor no fundo dos olhos, na cabeça de forma intensa e nos ossos.
Também o contágio difere. O vírus da gripe entra na via respiratória pela boca ou o nariz, provocando sintomas locais como coriza e dor de garganta. Em seguida, se espalha pela corrente sanguínea, atacando músculos e outras células, os pulmões e até mesmo o aparelho digestivo. O vírus da dengue, transmitido por picada do mosquito vetor Aedes aegypti, cai direto na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo. A dengue também atinge vários grupos musculares, podendo até provocar uma inflamação no fígado e no sistema nervoso central, embora sejam eventos raros. Mas não há transmissão de pessoa para pessoa.
Na dúvida, o especialista orienta os pacientes a evitarem a automedicação com o ácido acetilsalicílico até que se tenha o diagnóstico correto. No tratamento, o paciente pode usar dipirona e paracetamol ou outras medicações prescritas pelo médico, dependendo da gravidade. Já no diagnóstico de dengue, o paciente deverá ficar em repouso, tomar muito líquido e controlar a febre com antitérmicos, orienta.
Ameaça mais séria
Em 2009, o vírus da gripe A (H1N1) provocou mais de duas mil mortes no Brasil e pânico generalizado na população. De lá para cá, os médicos não sabem ao certo se o vírus enfraqueceu ou se as pessoas estão mais resistentes, mas o fato é que a doença foi reclassificada pela Organização Mundial da Saúde como gripe comum.
Mesmo assim, o risco de complicações respiratórias é real. Em São Paulo, por exemplo, foram registrados 32 casos da doença, 30 a mais do que no mesmo período do ano passado. Esta nova cepa do vírus pode agir de forma diferente em cada paciente.
É um vírus respiratório, que pode causar pneumonia grave, promovendo graves insuficiências respiratórias e necessidade de suporte ventilatório em alguns pacientes. Já em outros, a doença pode se manifestar poucos sintomas, até sem necessidade de tratamentos, diz o médico infectologista Hermano de Matos, do Hospital Ana Costa em Santos, no litoral de São Paulo.
Prevenção
Gripe
- Lavar as mãos com frequência e não levar a mão à boca ou ao nariz após tocar em objetos em ambientes públicos
- Dormir bem e manter boa alimentação para reforçar o sistema imunológico
- Tomar vacina contra a gripe anualmente
Dengue
- Evitar os focos de proliferação do mosquito causador da doença, como eliminar águas paradas em potes, frascos, pneus, etc.
- Usar repelente de insetos, normais ou eletrônicos, e mosquiteiros
- Manter boa alimentação para elevar a imunidade