Por Denise de Almeida
Aproximadamente 85% das empresas brasileiras são familiares. Porém, o planejamento da sucessão não é uma das tarefas que recebem prioridade entre elas. O plano de sucessão não é algo frequente nas empresas por uma questão de cultura. É uma tendência os empresários acharem que não vão sair do negócio e, além disso, o próprio dono não quer discutir a sua saída, diz Heloísa Bedicks, superintendente-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
O fato é que, diante dos problemas do dia a dia, é comum que os empreendedores não se preocupem com os caminhos futuros, com as relações familiares e com o desempenho em longo prazo do negócio. Porém, se a sucessão for bem planejada, pode resultar até em aumento da receita para a companhia e em mais dinheiro para as mãos dos sócios.
Heloísa avalia que uma sucessão bem feita começa com um diagnóstico sobre os interesses dos herdeiros. "O fundador imagina que o desafio de construir a empresa será passado automaticamente para os filhos, mas nem sempre é assim. Muitas vezes o herdeiro não tem vocação para o negócio", diz.
Marcelo Santos, presidente da consultoria Doers, concorda. Ele, inclusive, recomenda que os herdeiros comecem a frequentar a empresa o quanto antes. "Fica mais fácil ver se o filho tem ou não perfil para tocar o negócio", ressalta.
Definido o possível sucessor, é importante que, antes de assumir, ele estude o negócio, acumule conhecimentos e se mantenha atualizado sobre o andamento da empresa. No caso dos revendedores de combustíveis, além do negócio em si, o sucessor seja filho, neto, sobrinho deve procurar conhecer profundamente o setor e suas variações para poder entender melhor o funcionamento do mercado, que é tão específico.
Marcelo explica que, apesar de as empresas familiares brasileiras estarem hoje mais preparadas para a sucessão do que no passado, ainda há muito a ser feito. O movimento de governança corporativa é novo no Brasil. As companhias estão na segunda ou terceira gerações. Na Europa, estão na sétima e oitava gerações", lembra.
Ainda assim, ele alerta que se a sucessão não for tratada com antecedência e transparência, até mesmo uma empresa familiar lucrativa pode fechar. E se o assunto for postergado, a morte do fundador pode significar o fim do negócio, finaliza.