por Márcia Alves

Imagine reduzir o tamanho de remédios em escala nanométrica (bilionésima parte metro) a ponto de poderem ser aplicados em alvos bem específicos, como células cancerosas, por exemplo, mantendo íntegras as células saudáveis. Isso já é possível com o uso da nanotecnologia na medicina. No Brasil, o Centro de Nanotecnologia e Engenharia Tecidual da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, pesquisa o uso de nanomedicamentos em conjunto com a aplicação de luz sobre os tumores.

Antonio Claudio Tedesco, coordenador das pesquisas, destaca que o uso de partículas metálicas nanoestruturadas melhora os diagnósticos feitos por imagens, além de aumentar a eficiência de próteses, parte delas envolvendo células-tronco voltadas para a aplicação na engenharia tecidual, para regeneração de vasos sanguíneos, por exemplo. “A nanotecnologia, com o desenvolvimento de novos sistemas de veiculação de fármacos, tem permitido que moléculas antes usadas para o tratamento de determinados tipos de patologias possam ser redesenhadas e utilizadas com novas funções”, disse.

Outra atuação igualmente eficiente de sistemas nanotecnológicos é a aplicação em diagnóstico de doenças infecciosas, por exemplo, nas quais se podem associar às nanopartículas, marcadores específicos para parasitas como vírus, bactérias e outros. De acordo com Tedesco, a nanotecnologia é realidade para tratamentos de cânceres de pele, que em 80% dos casos não são melanômicos, ou seja, podem ser tratados por essa terapia.

O pesquisador adiantou que, atualmente, novos desenhos nanométricos estão em desenvolvimento para o tratamento do mal de Parkinson e da epilepsia. Em artigo publicado na revista "Science Translational Medicine", cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego, Estados Unidos, revelaram que experimentos com materiais da nanotecnologia foram usados para reparar tecidos vitais danificados em ataques cardíacos, sugerindo uma nova maneira de tratar a insuficiência cardíaca.

Na área cosmética, a nanotecnologia tem se mostrado eficiente para combater os efeitos do envelhecimento. “Em um creme anti-rugas, pode preenchê-las de imediato; em um clareador, onde as manchas são formadas, atenuado-as muito mais rapidamente; em um xampu, as nanopartículas conseguem penetrar na fibra capilar e regenerar os fios danificados, aumentando o brilho”, afirma o professor de cosmetologia Maurício Pupo.