por Márcia Alves

Uma recente pesquisa da consultoria especializada em varejo GS&MD Gouvêa de Souza em conjunto com o sindicato das distribuidoras de combustíveis, Sindicom, revela que houve uma mudança gradual e expressiva do público frequentador das lojas de conveniência. Para começar, uma surpresa: o número de clientes de classe A caiu pela metade. Na pesquisa anterior, realizada em 2006, essa faixa representava 30% dos frequentadores, mas em 2012 não passa de 15%. Em compensação, a classe B cresceu 12%, representando, hoje, 62% dos clientes das lojas. O canal também está conquistando cada vez mais público na classe C, que já atinge 22% do total de clientes.

O número de pessoas que visitam as lojas sozinhas subiu 9%, segundo a pesquisa, alcançando 81% dos visitantes. No estudo atual, as pessoas que vão exclusivamente às lojas e chegam a pé aumentou de 32% para 47%. Esse crescimento, detectado já na pesquisa anterior, é motivado pela facilidade de acesso, pois grande parte das lojas funciona em locais onde há maior fluxo de pedestres. Outra razão é o aumento da presença das mulheres nas lojas de conveniência. Um dado interessante é que as mulheres, mais do que os homens, preferem ir às lojas acompanhadas. A proporção é de 25% do sexo feminino contra 16% do sexo masculino. Entretanto, as mulheres têm um perfil de gasto 12% inferior ao dos homens.

O tempo de permanência do cliente dentro da loja continua em torno de 5 minutos, de acordo com a pesquisa. Mas, se por um lado, esse curto tempo de permanência não se alterou, por outro, segundo a sócia-diretora da GS&MD, Cristiane Osso, a expectativa do consumidor aumentou. “Essa nova percepção do cliente aumenta a responsabilidade da loja em entregar um ambiente acolhedor, agradável e uma alimentação saudável que o convide a permanecer mais tempo no canal”, diz. 

Para Cristiane Osso, esses resultados devem endereçar novas ações pelas operadoras das redes, pelos gerentes e atendentes das lojas em seu dia a dia e inclusive pela indústria fornecedora, seja em revisão de sortimento, em ofertas, precificação, promoções, atendimento, treinamentos, investimento em reformas e oferta de serviços e apoio ao varejista. “Conveniência é o diferencial percebido pelos consumidores no canal por meio de atributos de proximidade, rapidez de atendimento, facilidade de acesso e sortimento adequado para suprir as demandas pontuais ou rotineiras”, define.

Tendências 

Um novo estudo exclusivo da consultoria, divulgado em julho, aponta algumas tendências no setor de alimentação. Uma delas é inclusão das lojas de conveniência como opção escolhida pelos consumidores para alimentação fora de casa. O estudo identificou que dois anos atrás 69% dos consumidores compravam comida pronta para consumir em casa. Em 2012 o índice subiu para 77%. Segundo Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD, as lojas de conveniência aparecem na pesquisa como locais não somente para a compra de produtos de necessidade básica, mas também para fazer uma refeição completa. "As lojas começam a disputar mercado e têm chamado muita atenção, especialmente no café da manhã", afirma.