por Márcia Alves



Não basta ser um bom empreendedor para
manter o caixa da empresa saudável. De acordo com o consultor de finanças do
Sebrae, Ricardo Ferreira, é preciso ter controle da gestão financeira,
cuidando, especialmente, do capital de giro. Ele explica que capital de giro é
todo o dinheiro em caixa de uma empresa, somado às mercadorias e estoque e as
contas a receber, que são as vendas a prazo.



Outro fator fundamental para manter as
finanças saudáveis é saber administrar o dinheiro em caixa. “Ao contrário do que
muitos pensam, sobrar muito dinheiro em caixa também é desperdício”, afirma o
consultor. Ele observa que algumas empresas recorrem a financiamentos bancários
para aumentar seu capital de giro, sem levar em conta os custos. ”O problema em
recorrer aos empréstimos bancários surge quando esse recurso é utilizado para
pagar dívidas”, alerta Ferreira.



Considerando que o propósito do empresário
é maximizar de forma lícita o seu negócio, sabendo que o lucro é o melhor tipo
de capital de giro para uma empresa, então ele analisa que é preciso oferecer
facilidades de pagamento aos clientes. “Vender somente à vista é empurrar o
cliente para fora”, diz.



Entretanto, muitos empresários se deparam
com a corda no pescoço, pois percebem que fluxo de caixa não será suficiente
para arcar com pagamentos. Para que essa situação não atrapalhe o desempenho da
empresa, Ferreira orienta os empresários a administrarem muito bem suas contas
a receber. “Uma vez que ele está financiando o cliente, precisará de alguém
para financiar ele próprio. “Isso é saber administrar capital de giro e é isso
que permite o aumento do mesmo”, diz.



 



Caso dos postos



O volume de capital de giro para um posto
dependerá de vários fatores, tais como prazo de pagamento ao fornecedor de combustíveis,
quantidade de produto vendido à vista e, sobretudo, a prazo. De acordo com o
consultor, alguns bancos oferecem planos para capital de giro que podem ser
mais compensadores do que pagar à vista os fornecedores. “Mas é preciso
calcular os juros da operação”, diz. Outra dica é reduzir o número de vendas a
prazo, por meio de cheques ou para clientes empresariais.



Um posto do Rio de Janeiro, atendido pelo
consultor, apresentava as vendas altas, mas lucro baixo. Além de algumas
dívidas, o estabelecimento mantinha alto capital de giro, grande quantidade de
cheques devolvidos e, o mais grave, segundo o Ferreira, eram as taxas de cartão
de crédito, em torno de 4%, em transações que representavam 80% das vendas.



“Percebi um descaso com as finanças e o uso
de um método de avaliação pouco profissional, baseada apenas no fluxo de
clientes”, diz. Três meses depois da entrega do relatório da consultoria, Ferreira
relata que o posto faliu.