por Denise de Almeida



No último mês de janeiro,  o Sistema Público de Escrituração Digital
(Sped) completou cinco anos.  Considerado
um dos programas mais avançados na relação entre fisco e contribuintes, o
projeto  representa uma iniciativa
integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais:  federal, estadual e municipal, que pretende
gerar reflexos positivos para toda a sociedade, de acordo com o próprio site da
Receita Federal.



 Contudo, se por um lado, a troca dos livros de
papel pelo sistema informatizado obrigou empresas a serem mais cuidadosas com
as informações fiscais e contábeis e está facilitando o trabalho dos auditores,
por outro, ainda é um desafio para as empresas que buscam adaptar-se às três frentes
que o compõem:  Escrituração Contábil
Digital (ECD), Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e Escrituração Fiscal Digital
(EFD).



O fato é que não há mais
volta.  Ou os empresários se adaptam à
nova realidade ou poderão ter problemas com o fisco.



Para o presidente do
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP),  Luiz Fernando Nóbrega,  o Sped “permitiu que a Receita identificasse
problemas fiscais por meio do cruzamento de informações, com mais precisão e
agilidade”. Porém, para que as empresas se adequem ao processo, é fundamental
conhecer todos os seus aspectos técnicos e legais.  “O uso correto do Sped depende da qualidade e
da integração de todos os setores internos de uma empresa.  De nada adianta o controle de estoque ser
emitido direitinho, se o registro de entrada e saída de produto estiver mal
feito”, explica. 



E a tendência,  segundo Nóbrega, é que  o sistema cresça ainda mais:  “está em fase de estudo na Receita Federal,
por exemplo, o e-Lalur,  que tem por
objetivo abranger a escrituração da folha de pagamento e, em uma segunda fase,  o Livro Registro de Empregados; e a Central de
Balanços, que reunirá demonstrativos contábeis e uma série de informações
econômico-financeiras das empresas”, diz. Ele ressalta, inclusive,  que o objetivo do projeto não está somente
relacionado com o envio das informações.  “Muito pelo contrário: sua meta é tornar mais
célere a identificação de ilícitos tributários”, revela.



 



Dificuldade  



Um outro complicador
trazido pelo Sped  é a velocidade que ele
exige das empresas para que se adaptem ao sistema.  "Todas essas informações têm um nível de
detalhamento grande e precisam ser encaminhadas mensalmente ao fisco,  sob pena de multa.  Por isso, abrem espaço para erros ", diz.
 A multa por documento eletrônico não
encaminhado, ou encaminhado com erro não retificado, é de, no mínimo, R$ 5 mil. 



“Diante deste cenário,  é importante que as empresas façam com maior
rigidez o controle de caixa para evitar problemas com a fiscalização”, explica,
alertando que os profissionais da contabilidade precisam de tempo para se
adaptar às exigências do fisco.  “O
sistema exige maior capacidade técnica dos responsáveis pelo trabalho contábil
das empresas.  Agora, é a hora de
oferecer a esses profissionais tempo necessário para que possam agregar maior
valor às empresas de forma efetiva”,  conclui.