por Cristiane Collich Sampaio

Em farmácias, lojas e postos de serviços os antes cômodos e atrativos caixas eletrônicos estão se tornando verdadeiras ameaças aos estabelecimentos e a seus frequentadores: clientes, funcionários e, até mesmo, proprietários.

A crescente onda de assaltos a esses terminais bancários, que vem sendo marcada pela explosão dos equipamentos para roubo do dinheiro ali armazenado, não arrefeceu sua intensidade depois do artifício dos bancos, do tingimento das notas, com a consequente perda do valor desse dinheiro. As quadrilhas descobriram como “lavar” o dinheiro manchado e a onda prosseguiu. Iniciada na capital paulista, ela se alastrou pelo interior e atingiu outros estados.

Muitos comerciantes, assustados, já seguiram a recomendação da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e, por segurança, desativaram os caixas instalados em seus estabelecimentos. O mesmo está acontecendo com os revendedores de combustíveis do estado, alertados pelo sindicato da categoria (Sincopetro). Há registro de mais de 70 explosões de terminais instalados em postos. Em nenhum deles, pelo que se sabe, tanques de combustíveis e tubulações subterrâneas foram afetados. Porém, esse risco existe.

As máquinas – pelas quais o revendedor recebe cerca de R$ 150, a título de aluguel do espaço – são asseguradas pelo próprio banco (ou bancos, no caso de consórcio).  No entanto, vale ressaltar que apólices de seguro de postos podem ter cláusulas pouco claras, que deixam itens descobertos. Além disso, se a explosão for causada por ato de vandalismo puro e simples, sem o intuito de roubo, geralmente os danos não serão cobertos pelas seguradoras.

Vale à pena?

Rosana Alcobas Redona, da corretora de seguros que desenvolve produtos específicos para os associados do Sincopetro, declara que “a cobertura das apólices oferecidas pela entidade pode abranger todos os itens que forem danificados por causa de queda de raio, explosão e incêndio, incluindo geladeiras, produtos e equipamentos da loja, desde que previstos no contrato”. Entretanto, ela adverte que danos ao terminal eletrônico, ao local de sua instalação, à vizinhança do posto e a carros estacionados nas duas dependências não são cobertos. “A exceção fica por conta de veículos estacionados no posto para lavagem e troca de óleo, por exemplo, que tenham a nota fiscal desses serviços”, acrescenta.

Por outro lado, diante de uma situação caracterizada como de exposição ao risco – com as máquinas instaladas próximas a bombas de abastecimento e a produtos inflamáveis e em locais de grande circulação, como as pistas etc. – o quadro muda. “Nessa situação os bens danificados não são cobertos pelas apólices, em nenhuma hipótese, e cada caso será analisado isoladamente pela seguradora contratada”, assinala a corretora.

Será que a ameaça iminente ao patrimônio e, sobretudo, à vida pode ser compensada pelo parco valor do aluguel do espaço e pelo potencial estímulo ao consumo no estabelecimento, hoje neutralizado pelo temor dos clientes?