Por Denise de Almeida

A atenção voltada a detalhes que provavelmente passariam despercebidos aos olhos masculinos é o maior trunfo que as mulheres revendedoras veem em sua administração como empresárias do setor.  Muitas oriundas ainda da época em que a profissão era eminentemente masculina, nos últimos 20 anos, seja porque herdaram o negócio da família, seja porque vislumbraram alguma oportunidade, as mulheres vêm assumindo o comando dos negócios da revenda.  E com sucesso! 

Camila Maluf Maia tem 29 anos e há quatro gerencia um dos postos da família, o Posto Tasca Marte, em Osasco, São Paulo.  Para ela, se tornar revendedora foi opção.  “Minha formação foi em hotelaria, por onde passei um período importante da minha vida, mas a oportunidade de prosperar o negócio da família e  melhorar a situação financeira era o grande sonho que vem se realizando”, revela com segurança. 

Seu posto, que já esteve entre os mais bonitos do Brasil no tradicional concurso promovido pela Revista Posto de Observação, é administrado com o que é peculiar nas mulheres: “presto muita atenção nos detalhes: na limpeza da loja e da pista, nos uniformes e nos cuidados com a aparência e cordialidade dos funcionários’. 

Quem deu o suporte nos primeiros passos da administração de Camila foi sua mãe, no setor há 20 anos.  “Na verdade, o fato de ter que atuar numa atividade aparentemente masculina foi a oportunidade de dar uma ‘carinha’ diferente do usual, desde a forma de lidar com funcionários e abrir frente para que mulheres também atuassem e crescessem na empresa, até iniciativas de melhoria em gestão e prestação de serviços”, explica. 

Aliás, o  espaço dedicado às mulheres é tão importante  que o Tasca Marte  criou um   ícone em seu website (www.redetasca.com.br) dedicado exclusivamente ao público feminino.  “É uma seção divertida onde há dicas para uma mulher, seja ela cliente ou colaboradora, executar atividades que seriam consideradas masculinas, sem se sujar e sem estragar as unhas”, brinca Camila. 

 Conquistando espaço

Diferente de Camila, Noemy da Silva de Mello é revendedora há dezoito anos e sentiu na pele as dificuldades femininas em administrar um posto.  Proprietária do Posto João Ramalho, instalado em Marília, interior de São Paulo, Noemy conta que foi a falta de oportunidades de trabalho na cidade que levou, ela, arquiteta, e o marido, engenheiro, a ingressarem na profissão que exercia o sogro. 

“Quando entrei no ramo, sentia a falta de confiança das pessoas ao se depararem com uma dona de posto mulher.   Mas fui conseguindo meu espaço e respeito em relação a clientes, funcionários e até mesmo junto aos representantes da distribuidora, que também, a princípio, relutavam em falar comigo”, relata. 

Na linha de frente

“Acho que a mulher faz toda a diferença, com simpatia, capricho, sensatez, e, jogo de cintura”, revela a proprietária do Senhora de Aparecida Laguna Auto Posto, Carmem Cipolla Contrera.  Com 39 anos, há dois ela administra o estabelecimento instalado em São Paulo sozinha. “Antes de estar aqui, trabalhei 20 anos como pedagoga, mas sempre auxiliava o meu marido nos finais de semana”, conta.   

Carmem admite que hoje se sente muito à vontade na administração do posto. “Eu gosto de estar na linha de frente”, diz, “e aprendi que a simpatia feminina faz toda diferença. Parece que passamos mais credibilidade e que os clientes até confiam mais em nosso trabalho”.     

Atendimento melhorado

Revendedora há dois anos, Edna Iredes Chiesa, proprietária do Auto Posto Cidade de Marília, não vê problema algum nas mulheres estarem ingressando nesse mercado de trabalho.  Aos 30 anos de idade, Edna revela que detém, primariamente, o controle financeiro da empresa, mas diz que há homens que também fazem parte da administração e que respeitam e consideram as mulheres tão eficientes quanto os homens, não só na parte administrativa, mas também às funcionarias de pista.  

Concluindo um projeto de reforma do posto, a revendedora pretende dar mais atenção também às suas consumidoras.  Embora esteja no perímetro urbano da cidade de Marília, no interior paulista, o seu posto é de estrada, por isso, ela está em dúvida que outros serviços poderia agregar ao estabelecimento.  “Pensamos em ter um espaço com produtos direcionados para o público feminino”, informa. 

Desafios do dia a dia

Claudia Maria do Nascimento Lima, a despeito de ter operado, ao longo dos últimos 20 anos, postos de diversas bandeiras, pela primeira vez, há pouco mais de um ano e meio, está administrando o posto Ágile Combustíveis e Conveniência, estabelecido em Promissão, interior de São Paulo, sozinha.  E diz que não é uma tarefa fácil.

“Tenho me deparado com muitas barreiras, principalmente por parte das instituições financeiras, que não conseguem enxergar o grande potencial e dinamismo feminino”, lamenta.  “Mas sinto que a credibilidade de grande parte de minha clientela deve-se ao fato de saberem que existe uma mulher no comando”. 

Administradora financeira por formação, ela trabalha com planejamento, objetivos e metas de equipe, definidas mensalmente, e acredita que as mulheres, também no atendimento de pista, fazem a diferença pelo carinho – tão peculiar nas mulheres – com que tratam os clientes.

E, para suas clientes mulheres, ela também busca oferecer um diferencial.  “Como não estamos num grande centro, procuramos deixá-las à vontade nesse ambiente, pois, sentimos que ainda há certa resistência em se dirigirem a um posto para executar determinados serviços.  Assim, respeitando a feminilidade e as tratando de igual para igual, fazemos com que sintam que o posto é para elas, também”, conclui.