por Márcia Alves

Apesar de ocuparem cada vez mais espaços no mercado de trabalho, a maioria das mulheres ainda é responsável pelas tarefas domésticas. De acordo com o IBGE, 86% das mulheres dedicam em média 24 horas por semana aos afazeres domésticos, enquanto que os homens apenas 9,7 horas. Uma pesquisa inédita, realizada em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, com 2.365 mulheres e 1.181 homens de todo o país, mostra um quadro ainda mais preocupante. Segundo o levantamento, 91% das entrevistadas afirmaram que são exclusivamente responsáveis pelos trabalhos domésticos, apesar de 84% dos homens dizerem que estão dispostos a dividir as tarefas.

“Muitas mulheres contribuem para a reprodução dessa cultura machista, ainda que sofram fortemente suas consequências”, avalia o coordenador da pesquisa, o sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Venturi. Para ele, o fenômeno de dominação e opressão só ocorre porque aqueles que têm um papel subalterno assumem valores do grupo dominante.

A má distribuição de tarefas entre homens e mulheres em casa e no cuidado com os filhos também é apontada como fator limitante para inserção das mulheres no mercado de trabalho. De acordo com a economista do Ipea, Luana Pinheiro, a responsabilidade dupla das mulheres acaba fazendo com que elas se insiram de forma mais precária no mercado de trabalho.

Mas, as conseqüências da dupla jornada de trabalho acarretam outros problemas. Uma pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association) mostra que as mulheres estão sobrecarregadas de trabalho e esse fator é a causa do estresse, que atinge 94% delas. “As mulheres acreditam que precisam produzir mais para provar que são competentes, além de cumprirem uma dupla jornada de trabalho, que inclui afazeres domésticos”, explica a presidente da ISMA, Ana Maria Rossi.

Mas, ainda que as mulheres sejam mais estressadas que os homens, o estudo da ISMA mostra que elas conseguem lidar melhor com o estresse e, por isso, vivem mais e melhor.