por Cristiane Collich Sampaio

Com o aumento da participação feminina no setor produtivo, nas últimas três décadas especialmente, o mercado teve de se adaptar às novas demandas. Alguns produtos caíram em desuso, ou quase, enquanto outros ganharam espaço nas prateleiras do varejo, como alimentos prontos ou semi-prontos, congelados, fraldas descartáveis etc., caracterizando novos padrões de consumo, que são claramente influenciados por essa “nova mulher”.

Em muitos casos, é ela mesma que aproveita as oportunidades de negócio geradas por esse novo filão de consumo, representado pela maior independência financeira feminina e pelas novas necessidades desse grupo.

Em 2010, a pesquisa anual realizada pela Rizzo Franchise mostrou que dos 160 mil franqueados existentes no Brasil, 61 mil são mulheres. E a tendência é de expansão da presença feminina nesse segmento.

Presença requerida

As mulheres buscam atuar em segmentos com que possuam mais afinidade, como moda, perfumaria, decoração, bijuteria e nos ramos de fotografia, lavanderia, costura, ligados à produção de eventos e festas, entre outros.

Segundo Danilo Kindro Andreoli, da Dub-Net, Consultoria em Varejo & Franchising, muitos franqueadores têm em seu perfil, muito bem definida, a necessidade de atuação de uma sócia na unidade franqueada, quando esta está direcionada ao público feminino. “Em franquias de moda, por exemplo, a presença de uma mulher é fundamental para o sucesso na escolha de produtos e a motivação da equipe de venda”, cita.

“Pesquisa, recentemente publicada no Brasil, aponta que franquias administradas por mulheres faturam 32% a mais do que as geridas por homens”, revela. Ele declara que normalmente as mulheres são mais disciplinadas e constantes, o que facilita o sucesso nesse tipo de gestão e faz com que os processos aconteçam de forma mais rápida.

De um modo geral, o consultor avalia que, independentemente do sexo do empreendedor, para o êxito do negócio a marca tem importância relativa. Para o consultor, “a marca, o produto, o ponto comercial, as características regionais e as pessoas envolvidas devem ter pesos equilibrados nessa equação” e considera os postos como locais estratégicos. “Normalmente, negócios em postos de combustíveis têm sucesso principalmente pelo fluxo de pessoas e pela localização. Os postos viraram um ponto de atratividade, de sinergia para negócios de conveniência”, declara.

Soho Hair em postos

Não é de hoje que lavanderias, serviços rápidos de conserto de roupas, perfumarias e salões de beleza, ao lado de outros tipos de negócios, passaram a compor o mix de utilidades disponível nos postos brasileiros. Com razões para isso, os empresários notaram que o posto é um local muito conveniente para atender ao público feminino, que atualmente também trabalha, tem pressa e busca segurança, praticidade e comodidade para suas compras.

Para Jaime Higuti, hairstylist do Soho Hair International, o grande número de mulheres que também frequenta postos de combustíveis, contribui para que estes sejam cada vez mais privilegiados como centros de compras: “o consumidor que para para abastecer tende a se tornar cliente das lojas existentes no posto.”

Atualmente a Soho – salão e academia de formação de cabeleireiros e manicures entre outros, de origem japonesa – possui 26 salões e três academias de formação de profissionais em São Paulo. Três deles estão em postos da capital, nos bairros da Pompéia, de Interlagos e do Morumbi, e um na Rodovia Raposo Tavares, na altura da Granja Viana, na região metropolitana. Conforme explica Jaime, não se trata de uma franquia, mas de uma parceria: “entramos quando recebemos propostas e se se tratar de uma região que desejamos explorar; dependendo da proposta, o negócio pode ser bom para ambas as partes”.

O espaço necessário para a instalação de um salão varia de 200 m2 a 350 m2. A empresa fornece ao seu parceiro toda a estrutura, do projeto até os produtos e materiais usados na atividade, assim como os profissionais.

A marca Soho é, na verdade, um conceito, que envolve técnicas diferenciadas de lavagem de cabelo, com massagem, e cortes arrojados, para mulheres e homens. O nome foi inspirado no bairro nova-iorquino, considerado como pólo gerador de tendências de vanguarda em moda e design.