por Márcia Alves

Antes de Dilma Rousseff assumir a Presidência da República, como a primeira mulher eleita para o cargo no país, apenas uma representante da Monarquia havia ocupado posição tão privilegiada. A princesa Isabel, que em 1871 assumiu a regência do Brasil, foi a única e última mulher a desfrutar desse poder, marcando sua passagem na história do país com a abolição da escravatura. Por isso, uma representante do sexo feminino ter chegado ao mais alto escalão do poder deve ser encarado um grande avanço.

A nova presidente agora integra um restrito grupo de líderes de nação, hoje formado por 17 mulheres, que inclui a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Um dado relevante é que no Brasil as próprias mulheres estão mais crentes na liderança feminina. Uma pesquisa inédita, realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo com 2.365 mulheres de todo o país, descobriu que 70% das entrevistadas acreditam que a política seria melhor se tivesse mais mulheres em postos importantes.

Nesse aspecto, a presidente Dilma já deu mostras de que pretende ampliar a participação feminina no governo. Atualmente, nove mulheres ocupam o cargo ministra, de um total de 37 pastas. No segundo escalão, já são 68 – um aumento de 75% em relação à gestão anterior. Mas, Dilma sabe que será cobrada por melhorias em outras áreas, como a melhoria dos indicadores sociais.

O professor titular de ética e filosofia política na USP, Renato Janine Ribeiro, não acredita que Dilma fará mais do que qualquer outro representante do sexo masculino. “Há um grande risco de esse tipo de discussão acabar criando o mito do feminino e de que a presidente Dilma não é feminina. Quem seria feminina? Mulheres mais passivas e subservientes? Seria um mito dizer que a mulher é mais acolhedora, negociadora? Há, realmente, diferença entre homens e mulheres?”, questiona.

Nas empresas

Na área empresarial, há exemplos de mulheres que se tornaram símbolos de liderança, como Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras, e Luiza Trajano, diretora do Magazine Luiza.  

O diretor do Great Place to Work, Ruy Shiozawa, confirma que as melhores empresas para se trabalhar no Brasil buscam incorporar, no modelo de gestão, características femininas, como maior capacidade de delegar, facilidade no relacionamento interpessoal, talento para gerir equipes e poder de negociação. “A valorização dessas características por parte das empresas representa uma importante evolução.