por Cristiane Collich Sampaio
O Festival de Inverno e toda a agitação que o envolvem são apenas uma pequena parte dos atrativos que Campos de Jordão (SP) oferece aos visitantes, não só no inverno, mas em todas as estações do ano. O clima e as paisagens naturais dessa estância serrana favoreceram, por exemplo, a escolha do local para a construção do Palácio Boa Vista (também conhecido como Palácio do Governo), num terreno de 95 mil m2.
Projetado para ser a residência de inverno dos governadores do estado, em 1970 foi transformado em centro cultural e aberto a visitação. Em seus 35 ambientes e 105 cômodos reúne atualmente um acervo com cerca de duas mil peças. Entre elas, mobiliário dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX, pinturas e esculturas representativas do Modernismo, além de coleções de arte sacra, porcelanas e prataria.
Como relata a atual curadora do acervo artístico cultural dos palácios do governo de São Paulo, a professora Ana Cristina Carvalho, além da exposição permanente, desde 2007 vem sendo intensificada a política de acesso do público às coleções dos palácios, por meio de exposições temporárias.
Portas abertas
A obra do Boa Vista foi idealizada em 1938, durante o Estado Novo, pelo então interventor federal Adhemar de Barros. A concepção original do projeto, do arquiteto polonês Georg Przyrembel que participou da Semana de Arte Moderna , segue o estilo dos castelos europeus.
Porém, só após o retorno de Adhemar de Barros ao governo de São Paulo a construção foi concluída. A inauguração do palácio ocorreu em 21 de julho de 1964.
Quando, em 1967, Abreu Sodré assumiu a administração do estado, eleito indiretamente, a finalidade original do palácio passou a ser questionada. Ele considerou seu uso como residência de veraneio muito restrito e incumbiu seu secretário da Fazenda, Luís Arrobas Martins, de estudar melhor aproveitamento para as instalações.
Arrobas foi o grande idealizador do acervo do Boa Vista e do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que leva seu nome, e organizou outros museus da capital, salienta a curadora.
Em julho de 1970, a abertura das portas do palácio se deu com a realização dos primeiros Concertos de Inverno, que no ano seguinte evoluiram para o festival. Desde então, o palácio segue com sua dupla finalidade: de sede de inverno do governo e de centro cultural.
Acervo cobiçado
Ao reunir 13 obras de Tarsila do Amaral e de outros grandes nomes do Modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Victor Brecheret, Alfredo Volpi, Ismael Nery e Candido Portinari, a coleção é cobiçada por muitos museus, dentro e fora do Brasil, assegura Ana Cristina, pois contempla todo o percurso do modernismo brasileiro, de 1910 a 1960.
Exemplares do mobiliário artístico brasileiro do século XVII ao XX, assim como peças produzidas pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo nos anos de 1960 entre as quais se destacam o trabalho de parquet nos pisos e os revestimentos internos das paredes, janelas e portas , também fazem parte do acervo. Este ainda reúne pratarias, louçarias, tapeçarias e uma coleção de esculturas peruanas (cusquenhas), dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Em 1989, em comemoração ao jubileu de prata de inauguração do Boa Vista, foi construída a Capela de São Pedro Apóstolo, projetada por Paulo Mendes da Rocha em concreto e vidro, que abriga importante coleção de arte sacra do período colonial, entre outras peças.
Ana Cristina Carvalho informa que em 2010 foram realizadas 11 exposições temporárias nos três palácios abrangidos pela curadoria, que são administrados em rede: o Palácio dos Bandeirantes e o do Horto, na capital, e o Boa Vista. O número anual médio de visitantes é de 70 mil.
Serviço
Ingressos: R$ 5,00; estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam meia-entrada; crianças menores de 10 anos e, mediante agendamento prévio, entidades assistências e escolas públicas têm entrada franca. As visitas são monitoradas e duram cerca de uma hora.
Horário: de 4º feira a domingo e em feriados, das 10h às 12h e das 14h às 17h.
Endereço: Av. Dr. Adhemar de Barros, 3001 Alto da Boa Vista Campos do Jordão (SP).
Informações e reservas: 12-3662-1122
Site: www.acervo.sp.gov.br begin_of_the_skype_highlightingend_of_the_skype_highlighting