por Márcia Alves


 


Um estudo do Instituto de Biociências, de Rio Claro (SP), provou que o biodiesel derivado de soja pode provocar mutações genéticas em seres vivos. Conduzido pela pesquisadora Daniela Morais Leme, o estudo analisou biodiesel de soja e diesel puros e misturas dos dois óleos em diferentes concentrações encontradas no mercado, denominadas B-50, B-20 e B-5 (classificação que varia de acordo com a porcentagem de biodiesel na composição).


 


Os resultados demonstraram que o diesel comum é tóxico para as células, mas a surpresa da estudiosa foi o desempenho do bicombustível. No solo, tanto os óleos compostos como o B-100, como é chamado o biodiesel puro, apresentaram efeito mutagênico (alteração do DNA das células). O B-100 ainda manteve essa característica quando aplicado na água.


 


O biodiesel é uma das apostas do governo brasileiro. Mas, segundo Daniela, o problema é que a análise da qualidade desse produto só leva em conta o nível de emissão de poluentes no ar e não verifica se há substâncias tóxicas para o solo e a água.


 


Em uma das simulações, ela expôs linhagens de bactérias do gênero salmonela aos poluentes. Esses micro-organismos são deficientes na produção de um aminoácido, o que naturalmente impediria seu crescimento. Mas, após o contato com os agentes, as bactérias passaram a crescer, indicando que seus genes foram alterados. Daniela explica que agora seus estudos terão o intuito de saber qual parte do combustível provoca esse efeito e determinar se é possível neutralizá-lo.