por Cristiane Collich Sampaio


 


“Gosto de aventura desde cedo”, afirma Francinei Souza Costa, de 35 anos, que se sagrou vice-campeão de quadriciclo no Rally dos Sertões 2010, realizado entre 11 e 20 de agosto, com o apoio da ALE. Nascido em Santarém (PA), há 12 anos transferiu-se para Fortaleza (CE) com os pais, cearenses, e nos últimos 10 anos vem se dedicando à revenda de combustíveis. Com três postos na capital – dois com a bandeira ALE e um Esso –, Nei Costa, como é conhecido, atualmente está investindo na instalação de seu quarto posto.


Ao que parece, a mudança de cenário foi determinante em sua opção de se dedicar ao quadriciclo. “Aprendi a andar de moto aos 13 anos e passei a fazer trilhas. Quando vi uma pessoa num quadri nas dunas, aqui do Ceará, achei aquilo muito interessante, pois não andava sobre elas, mas nas laterais. Essa visão despertou em mim a vontade de dirigir aquele tipo de veiculo. Foi uma questão de identidade. Comprei um e logo me enturmei com as pessoas que ali andavam todo fim de semana”, relata o piloto.


Ele aderiu ao quadri em 2000, como hobby, e somente em 2008, a convite de um amigo, participou da Cerapió – enduro-rali entre Ceará e Piauí –, competição na qual obteve a segunda colocação. Depois, vieram a RN1500, no Rio Grande do Norte, e provas estaduais, em que conseguiu algumas vitórias.


“Em 2010 minha meta é ser campeão brasileiro de cross country e, para isso, tenho de vencer a próxima etapa, o Rally das Serras, que acontece entre 12 e 15 de novembro, em São Joaquim (SC)”, declara.


 


Adrenalina e prazer


 


Para Nei, o Rally dos Sertões é “a realização do sonho de qualquer piloto que faz trilha”. Segundo ele, em uma prova como essa conta muito o preparo físico, mas esse é só um aspecto: “o piloto tem de se preparar e dosar seu desgaste e o de sua máquina para poder suportar dez dias de prova, mas, às vezes, é também o elemento psicológico que determina uma boa colocação”. Conforme revela, “quando ando de quadri meu prazer é tão grande que não sinto cansaço; isso fez com que eu corresse os Sertões, chegando ‘inteiro’ no final do dia e ansioso para recomeçar no seguinte”. Os competidores percorreram 4 486 quilômetros off-road, atravessando rios, lamaçais, areais, terrenos acidentados, com pedras, cascalho e vegetação nas trilhas entre Goiânia (GO) e Fortaleza. Além de fazer parte do brasileiro, o Rally dos Sertões é uma das etapas do campeonato mundial, por isso sua importância para o cross-country e a ampla cobertura que recebe da mídia.


“Este ano corri com apoio da ALE. Na nossa equipe, a Brasil Quadri Team, éramos cinco pilotos de quadri e um de moto”, comenta. Ele diz que sua preparação foi bastante puxada, tendo praticado ginástica e musculação e treinado no Ceará, onde dispõe de terrenos acidentados, ideais para esse tipo de prova. Sua máquina é uma Yamaha YFM 700RX original que, conforme observa o piloto, é hoje um dos melhores equipamentos disponíveis, por oferecer conforto e segurança, além de suportar a travessia de grandes distâncias, com manutenção mínima.


Com o vice-campeonato deste ano, Nei Costa garantiu sua inscrição na edição 2011 dos Sertões, na qual espera novamente contar com o apoio da ALE. Esse resultado também lhe assegurou o segundo lugar no campeonato brasileiro: “se ganhar nesta última etapa, de São Joaquim, serei campeão brasileiro na modalidade.”


Mas o quadriciclista sonha mais alto. Para ele, a cada dia que passa o Rally Dakar fica mais próximo, pois em 2012 existe uma grande chance de ser realizado no Brasil. “Estou me preparando física e mentalmente para o Dakar, pois serão 16 dias de prova. Porém, só poderei concorrer se conseguir patrocínio, pois os custos são muito altos”, provoca.