por Márcia Alves
As lojas de conveniência começam a ter o segmento de alimentação como carro-chefe do consumo, em um modelo que resgata o conceito original introduzido no Brasil nos anos 70. Essa é a avaliação do consultor Luiz Goes, da GS&MD Gouvêa e Souza.
Na opinião de Goes, há diversos dados que confirmam essa tendência, inaugurada nos Estados Unidos e hoje consolidada no mercado norte-americano. No Brasil, o consumo fora do lar é crescente, seja em restaurantes, lanchonetes, padarias, pizzarias e, claro, também nas lojas de conveniência, afirma.
O consultor aponta que, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de todo o gasto com alimentação das famílias brasileiras, o volume de dinheiro usado em refeições fora do lar subiu de 24% para 31%, entre 2002 e 2009.
Há várias razões que explicam e reforçam esse movimento. Com a economia aquecida, menor taxa de desemprego, ascensão das mulheres no mercado de trabalho e a grande quantidade de pessoas que moram sozinhas hoje em dia, comer fora de casa não é mais um luxo, mas uma necessidade, sustenta Goes.
É nesse contexto que as lojas de conveniência estão apostando na alimentação como forma de se diferenciar, atraindo, diversificando e fidelizando clientes. A quantidade de postos de combustíveis com lojas de conveniência, por exemplo, certamente não acompanhou o crescimento explosivo da frota de veículos, diz.
Público apressado e exigente
Segundo o consultor, a oportunidade existe e leva vantagem os estabelecimentos que conseguem oferecer, nas lojas de conveniência, produtos alimentícios adequados às necessidades de um público sempre apressado, porém muito exigente.
Nesse sentido, é possível oferecer desde salgados e sanduíches, até pratos frios ou aquecidos em micro-ondas, além das sobremesas e do famoso cafezinho, todos com a marca do posto, mas sem perder de vista a qualidade dos produtos, bem como a agilidade e excelência do atendimento.
Se houver a possibilidade também de incluir no pacote a oferta de produtos de renomadas redes de fast food, por exemplo, a loja de conveniência também se beneficia porque essas marcas ajudam a chamar a atenção e conquistar ainda mais os clientes, diz Goes.
A Casa do Pão de Queijo, por exemplo, desenvolveu o CPQ Express, modalidade de negócio com objetivo de atender a clientela das lojas de conveniência. Segundo o gerente Comercial, Ricardo Bertucci, hoje, esse modelo de negócio responde por 20% do faturamento total da rede, sendo o pão de queijo e o folhado os produtos mais vendidos.
Já a rede Bobs lançou a Bexpress, um espaço que oferece sanduíches pré-preparados para aquecimento no forno. O cliente pode comer na loja ou, se preferir, levar para casa. O diretor Flávio Maia diz que a ideia é oferecer produtos saborosos, com a qualidade Bobs de forma ainda mais rápida.