por Márcia Alves
O Brasil tem potencial para se tornar o terceiro maior produtor de etanol do mundo. Mas os desafios são grandes, tanto internamente, pela falta de regularidade na oferta, que acaba causando a variação de preços, quanto externamente, pelas barreiras protecionistas impostas ao combustível nacional por outros países.
Estas são algumas das conclusões do estudo Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado no final de maio. Logo na primeira parte, o estudo demonstra que a situação atual de consumo e produção dos biocombustíveis é muito diferente do Proálcool, por conta do ambiente de livre mercado, da adesão de outros países aos biocombustíveis, da redefinição da matriz energética e do estímulo para transformação do etanol em commodity. O mais importante, porém, é o grande apelo ambiental envolvendo a busca por alternativas de energias renováveis.
Desafios
O estudo aponta que o mercado internacional de etanol apresenta potencial para crescer rapidamente nos próximos dez anos, podendo atingir 200 bilhões de litros. Mas, os grandes compradores, a União Europeia e os Estados Unidos, dificultam o acesso das vendas brasileiras, privilegiando a produção doméstica. Também é relevante o fato de que o país não depende de qualquer tipo de subsídio direto sobre a produção e a comercialização de etanol, diferentemente do que ocorre em outras nações.
Atualmente, um dos maiores desafios do etanol é a flutuação de preços, dependendo das variações da oferta e demanda. Porém, o governo tem atuado de forma direta no setor para promover o equilíbrio. Ações conjuntas, como a manutenção do preço da gasolina para que o etanol não seja inviabilizado, a garantia de mistura de 25% de álcool à gasolina e a manutenção de linhas de financiamento do BNDES, segundo o Ipea, incentivam os agricultores a apostarem na cana, deixando o etanol em boa posição para evitar um êxodo para a produção do açúcar.