por Márcia Alves


 


De acordo com estudo recente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), até 2025 deveremos ocupar o sexto lugar da população de idosos do planeta com 31,8 milhões de indivíduos acima dos 60 anos de idade.  “O envelhecimento populacional brasileiro caracteriza-se pelo acúmulo de incapacidades progressivas nas suas atividades funcionais da vida diária, associada a condições sócio-econômicas adversas”, aponta uma das coordenadoras da pesquisa, Leani Souza Máximo Pereira.


Em paralelo, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 60% dos idosos brasileiros são mulheres, na faixa etária de 60 a 74 anos. A expectativa de vida feminina também é mais dilatada: 76,5 anos para elas, contra os 69 vividos pelos homens. “Em média, a mulher brasileira vive mais sete anos que o homem”, confirma o geriatra Omar Jaluul, presidente da seção paulista da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.


Sem suporte social


Mas o que poderia ser motivo de celebração, acaba se tornando verdadeiro período de preocupações, limitações, problemas de saúde ou, em resumo, perda geral da qualidade de vida, em especial para pessoas de baixa renda. Para o especialista, a situação é ainda mais dramática para mulheres com mais de 80 anos, que se tornaram viúvas e não contam com “suporte social”.


“Já é comum encontrarmos mulheres idosas, que vivem sozinhas e enfrentam algum déficit de mobilidade. Nesse cenário, ela é acometida inclusive por desnutrição, porque não tem como cuidar da própria alimentação e sua dieta se baseia em carboidratos, como pão e macarrão”, alerta Jaluul. Ele prevê que o envelhecimento da população deve trazer uma epidemia de doenças como câncer, diabetes, Mal de Alzheirmer, hipertensão, Acidente Vascular Cerebral (AVC), artrite reumatóide e osteoporose.


Uma pesquisa realizada na Escola de Saúde de Yale, em Connecticut, nos Estados Unidos, envolvendo 754 idosos com mais de 70 anos, constatou que a depressão acometia em dobro a população feminina, dentro do universo pesquisado. Além disso, 73% delas eram menos propensas a sair do quadro depressivo.


Falta de amparo


A qualidade de vida está ligada a fatores clínicos, psicológicos, sociais e financeiros. “O envelhecimento no Brasil está ocorrendo de forma rápida e abrupta, ao contrário dos países desenvolvidos, em que o fenômeno ocorreu gradativamente”, explica o endocrinologista Saulo Fagundes de Sousa, da clínica Nuovo Effetto, em São Paulo.


O conjunto de problemas que repercute diretamente na baixa qualidade de vida das mulheres idosas está diretamente relacionado ao sedentarismo, falta de atividades físicas, hábitos alimentares inadequados, entre outros fatores. Cada um desses fatores pode desencadear outros problemas, como infarto e hipertensão, que, de acordo com o endrocrinologista, cresceram 30% e 20%, respectivamente, nessa faixa da população.


Ele acredita que, se as mulheres tiverem disciplina na alimentação, realizarem atividades físicas regulares e adotarem atitudes preventivas, como consultas periódicas ao ginecologista e não fazer uso do tabaco e de drogas lícitas e ilícitas, será menos complicado enfrentar uma vida mais longa, com mais qualidade e auto-estima.



Medicina antiaging


Para quem tem condições de cuidar da saúde desde cedo, o endocrinologista informa que uma das novidades é a medicina antiaging, presente em 105 países e com mais de 270 mil médicos praticantes. Trata-se de uma área multidisciplinar, em que cabe ao médico identificar as probabilidades para problemas e doenças na velhice, de acordo com bagagem genética de cada paciente. “A partir do perfil individual, é possível adotar ações preventivas que assegurem um envelhecimento saudável”, explica Saulo.


“A base dessa abordagem é o estudo genético da família do paciente e de fatores que podem ativar a suscetibilidade para doenças na velhice. A medicina antiaging trabalha com dados referentes à qualidade e quantidade da alimentação, ritmo do sono, equilíbrio entre trabalho e vida social, consumo químico de álcool, drogas e cigarro, entre outros aspectos, que despertam o gatilho preexistente para o desenvolvimento de doenças crônicas”, complementa.