por Márcia Alves


 


Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que aproximadamente dois terços da população recorrem a terapias alternativas. No Brasil, desde que o governo editou em 2006 uma portaria do Ministério da Saúde autorizando as terapias alternativas no Sistema Público de Saúde (SUS), a procura por esse tipo de tratamento aumentou 358% entre 2007 e 2008.


A homeopatia e acupuntura são as únicas reconhecidas como especialidades médicas, mas existem outras atividades que também fazem parte da medicina alternativa, como tai chi chuan e lian gong. Apesar do ceticismo, algumas técnicas têm eficácia cada vez mais reconhecida no tratamento de doenças crônicas. Esse é o caso da homeopatia, a qual os médicos recomendam aos pacientes com doenças associadas ou para aquelas com múltiplas causas, como a fibromialgia.


Entretanto, como saber se essas práticas funcionam ou se não passam de vigarices? O médico e escritor Moacyr Scliar tentou delimitar a questão em artigo publicado recentemente no jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS), em que cita o caso da terapia megavitimínica, a qual reconhece que muitas vezes não funciona e ainda traz riscos à saúde. No Brasil, segundo Scliar, há ainda o uso disseminado de alguns medicamentos duvidosos, como os chamados hepatoprotetores, que são bastante populares entre aqueles que desejam proteger o fígado antes ou depois de uma bebedeira. “Mas não funcionam”, afirma o médico, que considera muito mais eficaz limitar o álcool.


Como diferenciar


Para o professor e biólogo José Antonio Dias, o grande perigo da medicina alternativa é mascarar doenças graves, tratando apenas os sintomas. “Uma das grandes dificuldades do paciente leigo é conseguir separar verdades - sim, elas existem – de mentiras, no imenso leque de quase 800 modalidades de terapias alternativas”, diz.


Dias fornece algumas dicas para quem deseja “separar o joio do trigo”:


• Fuja de terapeutas que usam termos como "descoberta científica revolucionária", "produto exclusivo" e "ingredientes secretos".


• Desconfie de receitas escritas em "mediquês". Uma terminologia de aparência impressionante pode disfarçar a falta de ciência de boa qualidade.


• Não acredite em produtos apresentados como tratamentos rápidos e eficazes para uma ampla gama de doenças.


• Se um produto é anunciado como disponível somente a partir de um único fornecedor ou terapeuta, não compre.


• Peça ao terapeuta que mostre dados, pesquisas e estudos publicados em jornais e revistas conceituados sobre o tratamento que ele propõe.


 “Não basta a recomendação de um vizinho ou ouvir dizer que determinado tratamento funciona”, diz Moacyr Scliar. Para ele, a evidência se traduz em números. Embora não descarte o poder da fé na cura, ele admite que melhor é acreditar naquilo que é eficaz.