por Denise de Almeida


 


Desde que recebeu aprovação para o tratamento da doença, há uma década, a pílula contra disfunção erétil mais famosa do mercado, o Viagra, foi usado por mais de 35 milhões de homens em 120 países, conforme dados do laboratório fabricante.


Sinônimo da luta contra a impotência sexual, o produto, assim como seus similares de mercado, ainda é um ‘hit’ entre seus usuários, os quais, muitas vezes, o compram apenas para uso recreativo, sem atentar para o fato de que é uma droga que trata um sério problema de saúde, com efeitos colaterais e risco de dependência psicológica.


Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade da USP (Universidade de São Paulo), O homem com disfunção erétil pode ter diabetes, hipertensão, colesterol e triglicérides altos e doença na próstata. “Sempre há uma doença por trás da disfunção erétil, seja psíquica, seja física", afirma.


A disfunção erétil é classificada como uma incapacidade recorrente no homem em ter ou manter uma ereção do pênis em uma relação sexual e, além das causas psicológicas – mais comuns entre os jovens, em função da inexperiência e ansiedade –, tem também causas físicas, gerada por problemas no endotélio, o revestimento interno das artérias do nosso corpo. Ao receberem mensagens do cérebro, as células do endotélio das artérias do pênis liberam, entre outras substâncias, o óxido nítrico, responsável por facilitar o relaxamento da musculatura dos corpos cavernosos do pênis.


Com a musculatura relaxada, os vasos sangüíneos se dilatam e os corpos cavernosos se enchem de sangue, gerando a ereção. De acordo com Joaquim de Almeida Claro, professor de urologia da Clínica Urológica da Universidade de São Paulo (USP), doenças como diabetes e hipertensão podem danificar o endotélio, prejudicando a liberação do óxido nítrico. Além disso, com o decorrer da idade, as fibras do músculo cavernoso perdem qualidade, impedindo que o homem tenha uma ereção adequada.


Assim, remédios como o Viagra atuam para suprir justamente essa carência de óxido nítrico no pênis, já que promovem o aumento das concentrações da substância e o relaxamento das células musculares do tecido cavernoso, condição necessária para obtenção da ereção.


Contudo, especialistas afirmam que o uso recreativo do Viagra pode causar dependência psicológica, uma vez que o usuário condiciona a relação sexual ao efeito do remédio. E, ainda, pode apresentar efeitos colaterais, como dores de cabeça, calor no rosto, azia, dores musculares e rubor facial.


Pacientes que usam remédios à base de nitrato – como os utilizados por pessoas que tiveram infarto ou angina – não devem tomar medicamentos para disfunção erétil. A interação entre as substâncias pode gerar complicações graves.


Para ocorrências mais difíceis, como pacientes que passaram por cirurgia de próstata ou casos graves de diabetes, o índice de eficácia das pílulas é de 30% a 40%. Nesses casos, os homens podem recorrer a tratamentos como injeções auto-aplicáveis no pênis ou colocação de próteses semi-rígidas ou infláveis, por exemplo.