por Elaine Paganatto


 


Os medicamentos vendidos nas farmácias, em caixas lacradas, vêm geralmente em quantidade superior ao indicado para o tratamento médico, o que leva o paciente a acumular uma farmacinha em casa.


Quando esses produtos perdem a validade são descartados na pia, no vaso sanitário ou no lixo orgânico. Ao serem despejados no ralo, os remédios vão parar nos sistemas de tratamento de esgoto doméstico, onde as substâncias que compõem o medicamento podem interagir e matar as bactérias usadas para tratar o esgoto. Isso quer dizer que a água que chega aos domicílios pode conter fragmentos dos remédios e apresentar qualidade duvidosa, já que o sistema de saneamento não é 100% eficiente. Distribuídos nas águas, esses resíduos expõem a população a substâncias como, por exemplo, antibióticos e hormônios, de acordo com o professor do Instituto de Química da Unicamp, Wilson Jardim.


O problema é consenso entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Conselho Federal de Farmácias (CFF), mas até o momento não existe uma legislação que regulamente o descarte desses resíduos domésticos.


Para o coordenador nacional do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), Antonio Barbosa, cerca de 20% dos medicamentos adquiridos são descartados de alguma forma no meio doméstico.  “O descarte de medicamentos é uma das maiores causas de envenenamento e intoxicação em comparação ao contato com produtos químicos”, alertou Barbosa.


Segundo o técnico da Anvisa, Luiz Carlos da Fonseca, estima-se que 1% do lixo sólido é resíduo hospitalar e 3% sobras de medicamentos. De acordo com a Anvisa, fica a cargo de cada Estado desenvolver sua própria legislação sobre lixo doméstico.


Para o assessor técnico do CFF, José Luis Maldonado, os restos de remédios não devem ser jogados em casa, o ideal seria devolver à farmácia, pois, segundo ele, o farmacêutico é responsável pelo plano de gerenciamento de resíduos. “Na minha opinião, como o farmacêutico está em contato com o paciente, ele é quem deveria informá-lo acerca de como agir no descarte dos medicamentos”.