por Márcia Alves


 


Em tempos de crise, ganha destaque a discussão sobre a chegada ao país dos veículos de baixo preço, os conhecidos LPVs (Low Price Vehicles). O grupo Fiat anunciou que pretende lançar em 2010 um carro de preço mais baixo, mas com outra marca. A Toyota e uma aliança formada pela Renault e Nissan também já divulgaram que trabalham em projetos dos carros de baixo custo, visando os consumidores de países emergentes como o Brasil. Mais adiantada está a Tata Motors, que já iniciou a fabricação do carro mais barato do mundo, o Nano, que custará cerca de R$ 4,5 mil.


Enquanto o carro de baixo custo ainda permanece no terreno das discussões, o gerente de engenharia da Bosch, Fabio Ferreira, decidiu analisar sua viabilidade no país. Ele levou em conta que, por um lado, as exigências técnicas dos veículos aqui vendidos cresceram. Isso ocorreu devido à predominância de veículos flex, que já respondem por 90% das vendas, e também por meio da moderna legislação para a redução de emissões poluentes.


Por outro lado, considera que o consumidor brasileiro também tem exigido mais melhorias nos veículos. “Hoje 50% dos veículos com motor 1.0 já possuem ar-condicionado, item visto não apenas como de conforto, mas também como de segurança”, diz. No quesito segurança, o consumidor também está mais consciente, segundo o engenheiro. “O ABS já equipa 13% dos carros no Brasil, o dobro de três anos”, informa. Também a transmissão automática, antes restrita aos veículos médios e luxuosos, equipa, atualmente, 70% dos veículos produzidos, com a inclusão do pedal eletrônico.


Concluindo sua análise, Ferreira responde que “sim”, o Brasil pode participar dos LPVs. A despeito dos altos impostos que impedem a redução de custos, hoje grande parte das engenharias instaladas no país está envolvida em tecnologias mundiais que buscam o aumento de conforto, melhoria de emissões e consumo e diminuição drástica de custos. “O Brasil está no caminho certo, com suas engenharias bastante inseridas no cenário mundial, e com larga experiência em baixos custos”, conclui.