Foi antecipada de janeiro de 2009 para julho deste ano a elevação de 2% para 3% da quantidade de biodiesel no diesel. De acordo com declarações do Governo, isso se deu por haver volumes suficientes para garantir a implantação da nova mistura em todo o país. Agora, já se fala em ampliar esse percentual para 4% já no próximo ano, e para 5% em 2010. Inicialmente a obrigatoriedade no uso da mistura B5 estava prevista para entrar em vigor somente em janeiro de 2013.
O argumento é que isso geraria mais empregos e melhor distribuição de renda num prazo menor e tiraria o Brasil do rol de importadores de diesel. Este último argumento é válido, porém, a demanda brasileira por biodiesel é hoje quase que totalmente suprida pela soja ? que gerou 330 milhões de litros/ano em 2007, contra 70 milhões de litros de todas as outras matérias-primas somadas, segundo dados da RC Consultoria ?, situação que deverá se manter pelo menos até 2015. Mas essa indústria tende a se tornar mais verticalizada, dificultando a pulverização do cultivo, da produção de óleo e da distribuição da renda.
Em 2007 houve empate entre produção e consumo de biodiesel no Brasil, em 400 milhões de litros, embora a capacidade de produção instalada seja atualmente de 2 bilhões de litros/ano. A perspectiva é que em 2008 a produção alcance 1,3 bilhões, em 2010, quando a mistura B5 poderá se tornar obrigatória, 2,38 bilhões, e, em 2015, 2,90 bilhões, segundo as estimativas da RC, divulgadas pelo economista Fábio Silveira.
Conforme avaliação de Silveira, mundialmente cresce a produção e o consumo de biodiesel. Futuramente o Brasil poderá participar do mercado exportador, embora, pelo menos até 2015, sua produção tenda a se concentrar no suprimento do mercado interno.
Preço tende a cair
Quanto aos preços, se o perfil de produção continuar apoiado especialmente sobre a soja, estes devem seguir a tendência de queda do preço dessa oleaginosa no mercado internacional, por conta do aumento da produção mundial.
Atualmente o custo de produção de um litro de diesel no Brasil é de R$ 0,96, enquanto que o de biodiesel é, em média, de R$ 1,25. Pelas estimativas do economista, o preço médio da tonelada de biodiesel deve cair aproximadamente 35% entre 2008 e 2015, passando de US$ 1900 para US$ 1250. ?Os preços da soja estão em declínio acentuado, o que deve se refletir no preço do combustível?, constata.
Ele prevê que o programa brasileiro de biodiesel deverá se concentrar no atendimento à demanda interna, com excedente exportável inferior a 300 milhões de litros por ano. A Argentina, por outro lado, está investindo no setor e deverá se tornar o maior exportador mundial em 2015, comercializando volumes próximos a 1 bilhão de litros por ano.